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Europeus passam Natal com pouca neve
Região é uma das mais afetadas pelo sexto ano mais quente da história e vive o inverno menos rigoroso em 200 anos
A vida animal também sofre
com o clima atípico; ursos
não hibernam e aves que
deveriam migrar para África
continuam em suas regiões
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
A tradicional imagem natalina do hemisfério norte ficou
menos branca este ano, devido
à falta de neve causada pelo
aquecimento global.
Com 2006 classificado como
o sexto ano mais quente da história em termos globais, segundo o Escritório Meteorológico
do Reino Unido, a Europa é
uma das regiões mais afetadas,
colecionando uma série de recordes climáticos negativos.
A Folha sobrevoou a área
dos Alpes entre a França e a
Suíça e pôde constatar, por
meio da pouca neve que cobria
apenas os picos mais elevados,
os efeitos do que os especialistas apontam: a região tem sofrido um aquecimento três vezes mais rápido do que o resto
do mundo e passa pelo inverno
mais quente em 200 anos.
A mudança no clima já começou a cobrar seu preço: estações de esqui adiaram o início
da temporada, cancelando reservas de turistas. Bancos suíços estão se recusando a fazer
empréstimos para resorts que
estejam a menos de 1.500 metros de altura, por medo da falta de neve.
Temperatura recorde
O Registro Central de Temperatura da Inglaterra anunciou que, a uma semana de seu fim, 2006 deve se tornar o ano
mais quente já registrado no
Reino Unido desde o começo
das medições, em 1659.
A temperatura média final
para o ano todo está estimada
em 10,84ºC, contra 10,63ºC do
recorde anterior, registrado em
1999 e em 1990.
O resultado não será surpresa, já que os meses de abril a outubro no Reino Unido foram os
mais quentes já medidos.
Nas últimas semanas a temperatura média no país tem ficado por volta dos 5ºC positivos, quando o mais usual seriam 5ºC abaixo de zero.
Os pesquisadores e ecologistas também já começaram a registrar os efeitos ambientais do
inverno atípico.
A vida marinha em torno das
ilhas britânicas está mudando,
com espécies dos mares quentes do sul, como tartarugas,
aparecendo em regiões anteriormente geladas.
Ecologistas também afirmam que pássaros que costumavam migrar para a África
durante o inverno agora estão
sendo comumente avistados no
país, árvores que deveriam estar completamente desfolhadas ainda mantém o seu verde e
mesmo algumas flores continuam brotando.
Os animais também estão
sendo afetados no resto da Europa, e os ursos são os que mais
têm chamado atenção.
Com Moscou passando pelo
dezembro mais quente desde
1879, os ursos pardos do zoológico local ainda não começaram a hibernar como deveriam.
Na semana passada, pesquisadores da Fundação do Urso
Pardo da Espanha afirmaram
que os animais das montanhas
do norte do país também não
entraram em sua fase de repouso anual ainda.
Papai Noel sem neve
Nem a célebre terra do Papai
Noel, a Lapônia (norte da Escandinávia), escapou das temperaturas elevadas.
Rovaniemi, cidade no norte
da Finlândia considerada a capital da Lapônia, deveria estar
coberta de neve agora, com
temperaturas de até -20ºC.
Mas até a semana passada os
termômetros mostravam 3ºC
positivos de média, deixando os
turistas que buscam trenós puxados por cães husky ou por renas bastante desapontados.
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