|
Próximo Texto | Índice
Mares poderão subir por mais mil anos
Conclusão é de relatório de painel de cientistas ligado à ONU, que diz que Terra esquentará em média 3C a mais até 2100
Relatório do IPCC, que dará
a última palavra sobre o
estado do clima, dirá que
não há mais dúvida de que
homem causa aquecimento
DA REUTERS
O nível médio do mar vai subir pelos próximos mil anos se
os governos não criarem um
projeto para baixar as temperaturas médias globais neste próximo século. A conclusão é de
um aguardado relatório sobre
clima da ONU.
O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), comitê de 2.500 cientistas responsável pelo relatório, vai publicar parte de suas
conclusões oficialmente no dia
2 de fevereiro, em Paris.
O relatório prevê mais secas,
chuvas, perdas de gelo no Ártico e nas geleiras, além da elevação do nível do mar até 2100. E
adverte ainda que o efeito do
aumento das concentrações
dos gases-estufa na atmosfera
vai durar por bastante tempo.
"As emissões de dióxido de
carbono por atividades humanas no século 21 contribuirão
para o aumento do nível médio
do mar, e para o aquecimento
global, pelos próximos mil
anos, tempo necessário para
que esse gás também seja removido" disseram fontes que
revelaram trechos do relatório.
Entretanto, o documento
tem boas notícias sobre o intervalo de alteração do mar. Novas
projeções, baseadas em seis
modelos, apontam que a elevação ficará entre 28 cm e 43 cm.
No relatório anterior do IPCC,
de 2001, as alterações apontadas eram de 9 cm a 88 cm.
Durante o século 20, o aumento do nível médio do mar
ficou em 17 cm. Essa alteração,
agora, ameaça ilhas, zonas costeiras e cidades em estuários.
"Muito provável"
O relatório afirma que é
"muito provável" (até 90% de
chance) que as atividades humanas, lideradas pela queima
de combustível fóssil, estejam
fazendo a atmosfera esquentar
desde meados do século 20. O
relatório de 2001 dizia que essa
ligação era "provável" (66% de
chances ou mais).
Em Nova Déli, o chefe do
IPCC, Rajendra Pachauri, disse
esperar que o relatório possa
"chocar" governantes e fazer
com ajam. "Não se pode deixar
de considerar o crédito desse
trabalho científico", disse.
O rascunho do documento -
o texto será finalizado um dia
antes da publicação, na França
- projeta um aumento de temperatura entre 2C a 4,5C a
mais do que os níveis registrados antes da Era Pré-Industrial. A estimativa mais certeira
fala em um aumento médio de
3C, assumindo que níveis de
dióxido de carbono se estabilizem 45% acima da taxa atual.
Essa estimativa é mais precisa do que a anterior, divulgada
em 2001. O último intervalo
oficial começava em 1,4C e terminava em 5,8C. Não havia
uma medida intermediária, como haverá agora. A União Européia diz que qualquer aumento superior aos dos 2C vai
causar alterações perigosas.
Estabilizar os níveis de dióxido de carbono poderá aumentar as temperaturas futuras em
0,5C, principalmente entre
2100 e 2200. Em 2300, isso elevaria o nível do mar de 30 cm a
80 cm em relação a hoje. Depois disso, então, ambas as taxas começarão a cair.
O nível do mar já esteve de 4
m a 6 m mais alto quando as
temperaturas estavam 3C
mais quentes, há 125 mil anos.
A corrente do Golfo, que leva
águas quentes ao Atlântico
Norte, estava bem mais fraca,
mas não o suficiente para estagnar por completo sua contribuição de aquecimento.
Existe, agora, um pequeno risco de que ocorra uma abrupta
interrupção desse sistema de
corrente até 2100.
Próximo Texto: Amazônia Legal perdeu 13,3% de sua floresta completou o zoneamento da região Índice
|