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Cientista dos EUA protesta contra "expulsão" de Plutão
Para chefe de missão da Nasa ao ex-planeta, nova definição é uma "vergonha"
Segundo Alan Stern, critério
novo deixaria até a Terra de
fora da categoria planetária,
se fosse seguido com rigor;
uruguaios festejam decisão
DA REDAÇÃO
A saga do planeta rebaixado,
pelo visto, ainda não terminou.
Após a votação histórica da
União Astronômica Internacional que anteontem mudou
Plutão de categoria e deixou o
Sistema Solar com apenas oito
planetas verdadeiros, um grupo de astrônomos criticou ferozmente a decisão. Segundo
eles, a nova definição de planeta, além de cientificamente furada, foi adotada por critérios
pouco democráticos.
O mais barulhento dos opositores é Alan Stern, do Southwestern Research Center, em
Boulder (EUA). Ele chefia a
missão New Horizons, que a
Nasa (agência espacial dos
EUA) enviou a Plutão no começo do ano. Quando chegar ao
astro, em 2013, a sonda estudará apenas um "planeta-anão".
Ou não.
"Vamos ver uma reviravolta.
Sei que há uma petição entre
cientistas planetários que está
ganhando muito apoio", disse
Stern à revista "New Scientist".
Apesar de a definição da IAU
(União Astronômica Internacional) ser oficial, ela pode não
ser adotada no dia-a-dia por astrônomos que não concordem
com ela, já que a união não tem
poder de puni-los.
Stern diz que a resolução da
IAU que define planeta é "horrível". "Como cientista, estou
envergonhado."
Para o americano, o critério
adotado na nova definição, segundo o qual um planeta verdadeiro precisa "limpar a vizinhança de sua órbita", é falho, e
somente quatro dos oito planetas "oficiais" do Sistema Solar o
preencheriam. A Terra, por
exemplo, possui em sua vizinhança orbital vários pequenos
asteróides. Marte, Júpiter e
Netuno são cercados pelos chamados asteróides "troianos".
O também americano Owen
Gingerich, chefe do Comitê para Definição de Planeta da IAU,
disse que a votação de anteontem em Praga foi "seqüestrada"
por astrônomos dinamicistas,
que estudam a gravidade e o
movimento dos objetos celestes. O comitê trabalhara por
dois anos numa definição de
planeta que valesse para o Universo inteiro, pela qual o Sistema Solar ficaria com 12 planetas (além de Plutão, seu satélite
Caronte, o asteróide Ceres e o
misterioso "Xena" entrariam
na conta). A moção perdeu.
Gingerich e Stern dizem ainda que não houve representatividade na votação. Menos de
5% dos 9.000 membros da IAU
estavam em Praga. A decepção
dos americanos provavelmente
tem a ver com o fato de que foi
um astrônomo dos EUA, Clyde
Tombaugh, que descobriu Plutão em 1930. O (ex-)planeta é o
único a ter sido identificado por
um americano.
Festa uruguaia
No extremo oposto da revolta americana estão dois uruguaios. Julio Fernández e Gonzalo Tancredi, que se rebelaram em Praga contra os 12 planetas e acabaram provocando o
rebaixamento de Plutão, disseram que a nova definição foi
um "gol astronômico" para o
país -que hoje está para o futebol assim como Plutão está para a classe planetária.
Com agências internacionais
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