|
Próximo Texto | Índice
Cientista canadense faz córnea artificial
Tecido é feito em laboratório com colágeno sintetizado e pode ser alternativa mais segura para transplantes
Teste com dez pacientes
não registrou casos de
rejeição; nova camada
foi completamente
incorporada ao olho
GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO
As longas filas de espera
por um transplante de córnea podem estar com os dias
contados. Cientistas conseguiram recriar essa camada
ocular em laboratório, eliminando a necessidade de um
doador para a cirurgia.
Nos primeiros testes, a córnea biossintética recuperou
completamente a capacidade de enxergar em seis dos
dez pacientes, que tinham lesões ou doenças na córnea.
Em todos os casos, as terminações nervosas voltaram
a crescer, e o novo tecido foi
completamente incorporado
ao organismo.
Segundo os pesquisadores, o método acabou com
dois dos principais problemas do transplante convencional: a rejeição ao tecido e
a necessidade de tratamento
de longo prazo com drogas
que diminuem essa rejeição.
As córneas biossintéticas
também recuperaram a sensibilidade ao toque e voltaram a permitir a presença de
lágrimas, que lubrificam os
olhos e evitam problemas como infecções.
"Esta é a primeira vez que
um trabalho mostra uma córnea criada artificialmente se
integrando ao olho e estimulando a regeneração", afirmou May Griffith, da Universidade de Ottawa (Canadá),
uma das líderes do estudo
publicado na revista "Science Translational Medicine".
A criação do tecido artificial leva duas semanas. Cientistas sintetizam o colágeno,
proteína que é um dos principais componentes da córnea
natural, em laboratório.
O colágeno, então, é moldado para ter formato e consistência muito parecidos
com os de uma lente de contato convencional. O processo leva duas semanas.
Na cirurgia, os médicos fazem um corte circular e retiram o centro danificado da
córnea. O novo tecido é então
"costurado" ao que sobra da
córnea natural. O tempo de
operação é quase o mesmo
dos atuais transplantes.
"É um método muito promissor e com grandes chances de sucesso", disse Renato
Ambrósio Jr., da Sociedade
Brasileira de Oftalmologia.
Na sua opinião, porém,
são necessários testes. "Só
com um número maior de pacientes, com diferentes condições, poderemos dizer se é
realmente eficaz."
Como os trabalhos estão
muito no início, a técnica não
deve chegar a hospitais em
menos de dez anos.
Próximo Texto: Saiba mais: No Brasil, 24 mil aguardam na fila por transplante Índice
|