São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2008

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Brasileiro vai investigar meteorologia de Marte

Engenheiro considerou pouso de sonda "perfeito"

DA REPORTAGEM LOCAL

O engenheiro brasileiro Nilton Rennó, 48, professor da Universidade de Michigan, é o líder do grupo que investigará as condições atmosféricas de Marte na missão com a sonda espacial Phoenix, que aterrissou anteontem no pólo Norte do planeta vermelho.
Existem quatro grupos de investigação -de química, biologia, ciências atmosféricas e geologia. No caso do grupo do brasileiro, os principais interesses são estudar a composição da atmosfera de Marte, verificar a troca de gases entre solo e atmosfera e investigar o ciclo da água -que é essencial para a existência de vida.
Ontem, a espaçonave-robô começou a testar seus instrumentos. E já enviou diversas imagens de Marte. Uma delas mostra um padrão poligonal no solo perto da sonda -similar em aparência ao solo congelado ("permafrost") do Ártico. Esse aspecto pode ser resultado de congelamentos e descongelamentos da superfície do solo.
Algumas fotos mostram uma paisagem desoladora, de solo pedregoso. Outras confirmam que os painéis solares, indispensáveis para a provimento de energia à Phoenix, abriram conforme o previsto.
A sonda coletará amostras de gelo e de solo com um braço robótico para verificar se o local pode ser um habitat propício para a vida microbiana. "Agora, a primeira coisa é entender bem o lugar onde a sonda pousou para saber onde é melhor cavar e colher amostras", afirmou o engenheiro.
A missão está prevista para durar três meses, mas, segundo Rennó, pode ser prorrogada para seis meses.

Lágrimas
Rennó considera que o pouso da Phoenix, a principal preocupação da agência espacial Nasa, "não podia ter sido mais perfeito". "Foi muita tensão. E, depois, muita emoção", afirmou o cientista, que admitiu ter derramado "muitas lágrimas".
O motivo da apreensão era o fato de a Phoenix usar um sistema de aterrissagem com foguetes retropropulsores semelhante ao da sonda Mars Polar Lander, que falhou ao tentar descer em Marte em 1999. "É tudo muito arriscado nesse tipo de missão. Mas o primeiro dia foi incrível, impressionante."
Formado na Universidade Estadual de Campinas, Rennó foi para os EUA para fazer doutorado no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e não voltou mais. Desde 2001, está envolvido no projeto da Phoenix. (AFRA BALAZINA)


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