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Brasileiro vai investigar meteorologia de Marte
Engenheiro considerou pouso de sonda "perfeito"
DA REPORTAGEM LOCAL
O engenheiro brasileiro Nilton Rennó, 48, professor da
Universidade de Michigan, é o
líder do grupo que investigará
as condições atmosféricas de
Marte na missão com a sonda
espacial Phoenix, que aterrissou anteontem no pólo Norte
do planeta vermelho.
Existem quatro grupos de investigação -de química, biologia, ciências atmosféricas e
geologia. No caso do grupo do
brasileiro, os principais interesses são estudar a composição da atmosfera de Marte, verificar a troca de gases entre solo e atmosfera e investigar o ciclo da água -que é essencial
para a existência de vida.
Ontem, a espaçonave-robô
começou a testar seus instrumentos. E já enviou diversas
imagens de Marte. Uma delas
mostra um padrão poligonal no
solo perto da sonda -similar
em aparência ao solo congelado
("permafrost") do Ártico. Esse
aspecto pode ser resultado de
congelamentos e descongelamentos da superfície do solo.
Algumas fotos mostram uma
paisagem desoladora, de solo
pedregoso. Outras confirmam
que os painéis solares, indispensáveis para a provimento de
energia à Phoenix, abriram
conforme o previsto.
A sonda coletará amostras de
gelo e de solo com um braço robótico para verificar se o local
pode ser um habitat propício
para a vida microbiana. "Agora,
a primeira coisa é entender
bem o lugar onde a sonda pousou para saber onde é melhor
cavar e colher amostras", afirmou o engenheiro.
A missão está prevista para
durar três meses, mas, segundo
Rennó, pode ser prorrogada para seis meses.
Lágrimas
Rennó considera que o pouso
da Phoenix, a principal preocupação da agência espacial Nasa,
"não podia ter sido mais perfeito". "Foi muita tensão. E, depois, muita emoção", afirmou o
cientista, que admitiu ter derramado "muitas lágrimas".
O motivo da apreensão era o
fato de a Phoenix usar um sistema de aterrissagem com foguetes retropropulsores semelhante ao da sonda Mars Polar
Lander, que falhou ao tentar
descer em Marte em 1999. "É
tudo muito arriscado nesse tipo
de missão. Mas o primeiro dia
foi incrível, impressionante."
Formado na Universidade
Estadual de Campinas, Rennó
foi para os EUA para fazer doutorado no MIT (Instituto de
Tecnologia de Massachusetts)
e não voltou mais. Desde 2001,
está envolvido no projeto da
Phoenix.
(AFRA BALAZINA)
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