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Minas Gerais é o maior desmatador da floresta atlântica
Mesmo com a criação de lei para defesa do bioma, taxa de desmatamento da área permanece constante há oito anos
Pressão ocorre pelo uso de carvão vegetal e expansão agropecuária; ONG SOS Mata Atlântica quer meta de redução de desmate
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma área de mata atlântica
de 103 mil hectares, equivalmente a dois terços da cidade
de São Paulo, foi desmatada no
Brasil entre 2005 e 2008. O Estado campeão de desflorestamento foi Minas Gerais, pressionado pela produção de carvão. No período, perdeu-se 32,7
mil hectares de vegetação.
Além disso, a taxa anual de
desmate permanece quase
constante por oito anos -de
2000 a 2005 foram ceifados
34,9 mil hectares. De 2005 a
2008, foram 34,1 mil ha.
Isso mostra que a Lei da Mata Atlântica, aprovada em
2006, ainda não teve eficácia.
Segundo a lei, o corte de vegetação primária e secundária só
pode ocorrer em casos excepcionais, como para realizar projetos de utilidade pública.
Os dados de desmatamento,
da ONG Fundação SOS Mata
Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, referem-se a 10 Estados, dos 17
que ainda têm o bioma. Atrás
de Minas na lista de desmatadores estão Santa Catarina e
Bahia. No ranking das cidades,
as líderes de destruição são Jequitinhonha (MG), Itaiópolis
(SC) e Bom Jesus da Lapa (BA).
O cenário é desanimador para a floresta que tem seu dia comemorado hoje. "Sinaliza que
o poder público não tem priorizado o tema. É preciso melhorar a fiscalização", afirma Marcia Hirota, diretora da ONG
SOS. Ela defende, inclusive,
que os Estados adotem metas
de redução do desmate.
A área original do bioma está
reduzida a 11,4%, se considerados os fragmentos de floresta
acima de 3 hectares -quanto
menor a área, mais difícil é a sobrevivência das espécies. Mas,
se apenas fragmentos com mais
de cem hectares forem levados
em consideração, o remanescente cai para 7,9%.
Em Minas, a região mais desmatada fica na divisa com o cerrado. E, de acordo com Mario
Mantovani, também diretor da
ONG, sua destruição está relacionada à exploração de carvão
vegetal para a siderurgia.
O IEF (Instituto Estadual de
Florestas), órgão ambiental de
Minas Gerais, afirma que a
pressão sobre as florestas nativas decorrem da "expansão
agropecuária e do consumo ilegal de carvão vegetal". Porém,
segundo o IEF, de 2003 até
2009 foram aplicados R$ 98
milhões no monitoramento e
fiscalização ambiental da área.
Santa Catarina foi criticada
por aprovar recentemente lei
que prevê redução da faixa de
preservação ao longo de rios.
"Essa é a ponta de um grande
problema, com décadas de desobediência civil e do desmonte
do órgão ambiental", disse
Mantovani. A Folha procurou
a Secretaria do Desenvolvimento Econômico Sustentável
de SC, mas não teve resposta.
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