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ESPAÇO
País será o sétimo do mundo a ter sistema do tipo, capaz de realizar pesquisas solares, galácticas e extragalácticas
Brasil terá conjunto de radiotelescópios
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O nome não é tão imponente ou
óbvio quanto os que os americanos costumam dar a seus conjuntos de radiotelescópios, mas não
se deve subestimar o Projeto Arranjo Decimétrico Brasileiro
(BDA, na sigla em inglês). Sua
construção será oficialmente iniciada hoje, em cerimônia no campus do Inpe (Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais) em Cachoeira Paulista, interior de SP.
O arranjo, que será usado principalmente para o estudo do Sol,
do clima espacial e de eventos galácticos e extragalácticos, consiste
num conjunto de 38 antenas parabólicas de 4 m a 5 m de diâmetro cada, dispostas em forma de
"T". E que "T": o traço na direção
leste-oeste tem 2,5 quilômetros, e
o na direção sul, 1,25.
A idéia é que todas as antenas
façam observações em freqüências de rádio e que os dados obtidos por cada uma sejam posteriormente somados, como se todas as antenas funcionassem como um telescópio gigante, do tamanho do "T". Essa tecnologia,
chamada de interferometria, é
uma das ferramentas mais poderosas usadas hoje em dia para observações radioastronômicas.
O mais famoso arranjo de radiotelescópios é o americano
Very Large Array (na tradução, o
nada discreto Arranjo Muito
Grande), no Novo México, com
27 antenas de 25 metros de diâmetro cada uma. "Em uma das
configurações, teremos uma resolução parecida com a deles, mas
vamos trabalhar em outras faixas
de freqüência", diz José Roberto
Cecatto, engenheiro do Inpe envolvido no projeto. "Uma vez que
vamos trabalhar com estudos solares, nosso equipamento também tem uma resolução de tempo
muito alta. Podemos obter até dez
quadros por segundo."
Não são muitos os países que
dominam a técnica. "Quando o
BDA estiver pronto, seremos o sétimo país no mundo", diz Cecatto. Será também o primeiro interferômetro da América Latina.
Por ora, o que existe no sítio de
construção é um protótipo, composto por cinco antenas, que deve
estar concluído até o final do ano.
Para a segunda fase, o Inpe deve
repassar a construção dos elementos para a indústria brasileira. "Já é uma coisa de escala industrial -precisamos de 38 cópias de cada peça do sistema, para
cada antena", diz Cecatto.
Caso não ocorram imprevistos
ao longo do caminho, os pesquisadores esperam ter o arranjo
operando entre 2007 e 2008. No
total, o custo estimado pelo projeto é de cerca de R$ 3 milhões.
O financiamento está vindo majoritariamente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), com participações do Inpe e
do CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e
Tecnológico). O projeto envolve
cooperação com Índia, Japão e
EUA e congrega diversas instituições brasileiras, além do Inpe.
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