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Força Nacional agirá contra a devastação
Decisão foi anunciada pela ministra do Meio Ambiente, em resposta a aumento de 8% no desmatamento na Amazônia
Plano do governo prevê 20
ações de emergência em
40 municípios; tropas vão
apoiar fiscalização durante
conflitos com madeireiros
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Força Nacional de Segurança Pública será mobilizada
para conter o aumento do desmatamento na Amazônia,
anunciou ontem à noite a ministra Marina Silva (Meio Ambiente), depois de reunião com
o diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo
Lacerda, e representantes dos
ministérios da Casa Civil, Justiça, Defesa e do Desenvolvimento Agrário.
A mobilização é a primeira
resposta ao crescimento de 8%
no desmatamento da Amazônia registrado entre os meses
de junho e setembro em relação ao mesmo período de 2006.
Não foram divulgados detalhes
das 20 novas operações que
ocorrerão em 40 municípios
anteriormente identificados e
que concentram quase metade
da atividade de derrubada de
árvores na região.
Esses municípios ficam nos
Estados de Rondônia, Pará e
Mato Grosso. Rondônia é o caso mais grave de desmatamento recente. Em setembro, imagens de satélite monitoradas pelo Inpe (Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais) detectaram mais de 600% de aumento na devastação.
Desde o mês passado, a Força
Nacional de Segurança foi acionada pela primeira vez para
conter o desmatamento na reserva biológica de Gurupi, no
município de Buriticupu (MA).
Treinados especialmente, contingentes da Polícia Federal e
dos órgãos de segurança pública dos Estados podem ser mobilizados apenas em situações
emergenciais ou excepcionais.
Segundo Marina Silva, as tropas vão apoiar as equipes de fiscalização em situações de
maior violência. "Os madeireiros costumam usar a população
contra os fiscais em manifestações mais agressivas", disse.
O objetivo das novas operações é conter o crescimento no
ritmo do desmatamento da
Amazônia, que só terá repercussão nos resultados de 2008.
Os números oficiais deste ano
só deverão ser anunciados em
novembro, quando fica pronta
a análise dos dados do Prodes,
sistema do Inpe que dá a taxa
oficial de desmatamento.
O Prodes é mais lento, mas
mais preciso que o Deter, que
usa imagens de satélite em
tempo real e forneceu a estimativa de crescimento de 8%. Será
levado em conta o saldo acumulado até julho.
Marina Silva disse que o desmatamento em 2007 deverá fechar em 9.600 quilômetros
quadrados, o que representará
uma redução de 65% no volume anual de devastação em relação aos 27 mil quilômetros
quadrados de desmatamento
registrados em 2004, ano do
anúncio do plano de combate
ao problema.
"Vamos trabalhar considerando uma situação atípica",
reiterou a ministra, preocupada especialmente com o aumento do preço das commodities -como a carne, o milho e a soja- e com a proximidade das
eleições municipais de outubro
de 2008. "Em períodos eleitorais, a governança ambiental fica mais difícil", comentou ela.
"Teremos um grande teste de
fogo para o combate ao desmatamento", reiterou.
Marina Silva contabilizou,
como resultado das fiscalizações feitas desde 2003, a
apreensão de 1 milhão de metros cúbicos de madeira. Enfileirados, os troncos das árvores
derrubadas tomariam a distância entre São Paulo e o Rio de
Janeiro, comparou.
Também foram aplicados
cerca de R$ 3 bilhões em multas, dos quais o ministério não
sabe quanto teria sido pago. Os
madeireiros recorrem das multas, assim como do confisco de
motosseras, tratores e caminhões usados no corte.
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