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Amorim vê acordo do clima só em 2012
Ministro das Relações Exteriores diz que "nível das aspirações baixou muito" em reuniões globais sobre o tema
Presidente Lula anuncia
intenção de ir a rodada
de conversas neste ano
no México; Brasil libera
inventário de gás-estufa
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
O ministro das Relações
Exteriores, Celso Amorim,
descartou ontem a obtenção
de um acordo global sobre
mudanças climáticas no ano
que vem e disse esperar que
"o momento decisivo" da negociação aconteça em 2012
no Rio de Janeiro.
Mesmo assim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
anunciou sua intenção de ir à
conferência do clima de Cancún, em novembro.
Fechar o novo acordo em
2012 significa uma perda de
três anos desde o fracasso da
conferência de Copenhague,
em 2009. Significa também
que haverá um buraco no
qual o mundo não terá acordo algum em vigor, já que o
Protocolo de Kyoto, o único
instrumento existente hoje,
expira em 2012 -e leva tempo para todos os países ratificarem o próximo pacto.
Durante reunião do Fórum
Brasileiro de Mudanças Climáticas ontem, em Brasília,
Amorim tratou de esfriar os
ânimos em relação às perspectivas da conferência de
Cancún, a COP-16.
A principal razão para isso
foi a recente morte da lei do
clima no Senado dos EUA, o
que colocou o maior emissor
histórico de volta à estaca zero na luta contra o CO2.
"O nível das aspirações
baixou muito. Não haverá
um grande acordo, mas pode
haver avanços em partes específicas", afirmou, citando
por exemplo o mecanismo de
redução de emissões por desmatamento, o Redd+.
Isso daria impulso às negociações, "primeiro na África do Sul, no ano que vem, e
quem sabe depois algo importante na Rio +20", disse,
em referência à cúpula em
2012 que marcará os 20 anos
da histórica Eco-92.
Lula aproveitou para incentivar o comparecimento
ao México: "Se a conferência
não estiver boa, Cancún é
sempre muito bom".
O Brasil está em posição
privilegiada nas negociações. Além de ter assumido a
meta de corte de 36,8% a
38,9% de suas emissões em
relação ao projetado para
2020, o país regulamentou
ontem um fundo para financiar ações de redução de CO2
e de adaptação ao clima.
REPETECO
O governo também apresentou a versão final do segundo inventário brasileiro
de emissões de gases-estufa,
que abrange o período de
1990 a 2005.
Como antecipou em 2009
o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, as
emissões subiram 60%: de
1,484 bilhão de toneladas de
CO2 equivalente em 1990 para 2,192 bilhões em 2005.
O governo esperou um ano
pelo dado, para só então ir
adiante com a regulamentação da lei nacional, que deve
acontecer no mês que vem.
Porém, não apenas os dados finais são praticamente
idênticos aos de um ano atrás
como a projeção das emissões em 2020 apresentada
ontem por Rezende é a mesma de um cálculo do Ministério do Meio Ambiente que baseou a meta brasileira: 2,7 bilhões de toneladas de CO2
equivalente.
Segundo Tasso Azevedo,
consultor do Meio Ambiente,
isso prova que o Brasil poderia fazer estimativas anuais
de emissões se quisesse.
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