São Paulo, quinta-feira, 28 de fevereiro de 2002 |
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BIOMECÂNICA Dinossauro atingiria 40 km/h, no máximo Tiranossauro era mau corredor, afirmam pesquisadores dos EUA
RICARDO BONALUME NETO DA REPORTAGEM LOCAL O tiranossauro não era o corredor veloz que aparece em filmes como os da série "Jurassic Park". Um novo estudo analisou a musculatura que o bicho precisaria ter para correr a ponto de perseguir um carro. O resultado indica que você ainda precisaria de um carro para fugir desse dinossauro carnívoro, mas não teria de acelerar tanto, como acontece em uma assustadora sequência do primeiro filme da série: a fera não correria a mais de 40 km/h. Alguns paleontólogos estimam que o dinossauro conhecido como Tyrannosaurus rex poderia correr até mesmo a 72 km/h. John Hutchinson e Mariano Garcia, da Universidade da Califórnia em Berkeley, criaram um modelo para descobrir a quantidade de massa muscular necessária para o animal correr, achando tais estimativas exageradas. O biólogo Hutchinson e o engenheiro Garcia apresentam seus novos cálculos na edição de hoje da revista científica britânica "Nature" (www.nature.com). Eles testaram o modelo em animais de hoje, como a galinha e o crocodilo, parentes distantes dos dinossauros. Também testaram o modelo com dados da anatomia de um ser humano. "Galinhas e seres humanos têm quase o dobro de músculos na perna necessários para correrem como bípedes, enquanto aligatores têm metade da massa muscular necessária", diz Hutchinson. Os músculos de cada perna de um atleta humano têm entre 5% a 10% do seu peso; pessoas sedentárias têm menos que 5%. Design Um fato facilmente observável é que animais grandes são mais lentos. Animais pequenos, ao se moverem rapidamente, expõem o organismo a forças físicas elevadas, biomecanicamente impossíveis para animais maiores devido a limitações dos seus músculos. O problema afeta todos os animais. A força que um músculo exerce depende do seu comprimento e da sua largura. Mas a massa de um animal depende de sua largura, seu comprimento e sua altura. Para poder aguentar o peso de um animal enorme, os músculos têm de acompanhar o crescimento. Mas isso aumenta ainda mais a massa corporal, até que se alcança um limite prático. Por exemplo, para poder correr a 72 km/h, o tiranossauro precisaria, segundo os cálculos da dupla, ter 43% do seu peso em cada perna na forma de músculos. Ou seja, 86% do peso do animal estaria nos músculos da perna -uma óbvia impossibilidade. Uma galinha tem 17% da sua massa nas duas pernas. Mas uma galinha gigante seria ainda mais inviável. Hutchinson e Garcia imaginaram uma galinha do tamanho de um T. rex -com seis toneladas (veja ilustração acima). Para poder correr, essa galinha-monstro teria de ter 99% da sua massa corporal em cada perna. Isso também explica porque os animais gigantes mais famosos do cinema são pura ficção. Hutchinson teve um professor de física que mostrou que nem Godzilla, nem King Kong teriam condições de sustentar seus corpos gigantes. "Foi naquele momento que pensei pela primeira vez em biomecânica e na sua aplicação a coisas grandes como dinossauros", diz ele. Os cientistas estimam que o tiranossauro no máximo poderia chegar a 40 km/h, mas provavelmente apenas à metade disso. Mas isso não o tornaria um predador menos eficiente. Dinossauros menores seriam mais velozes, mas os grandes herbívoros que o T. rex caçava talvez fossem tão lentos quanto ele. Texto Anterior: Biotecnologia: Reino Unido libera clonagem terapêutica Próximo Texto: Panorâmica - Medicina: Seleção genética produz embrião sem Alzheimer Índice |
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