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MEDICINA
Tratamento usa vírus para inserir DNA saudável no animal; pesquisadores querem testar a técnica em humanos
Geneterapia cura infertilidade em roedor
CHARLES ARTHUR
DO "THE INDEPENDENT"
Um grupo de cientistas está oferecendo esperança a casais inférteis ao substituir com sucesso genes defeituosos em camundongos
por cópias funcionais, restaurando a fertilidade dos animais. Os
pesquisadores dos EUA e do Japão acham que sua técnica poderia agora ser usada em humanos.
Acredita-se que até 20% dos casais sejam inférteis, dos quais 30%
a 50% são por culpa do homem
-e a falha quase sempre tem
uma origem genética.
Os grandes índices de infertilidade são usados como "desculpa"
pelos defensores da clonagem reprodutiva. Eles defendem que,
nesses casos, a única forma de
permitir que um indivíduo tenha
um filho que possua seu material
genético seria por clonagem.
Os cientistas agora parecem
apontar para uma alternativa,
funcional pelo menos para parte
dos casos de infertilidade. Em
seus experimentos, os pesquisadores descobriram que, ao inocular genes funcionais em uma forma de vírus chamada de lentivírus -que insere seu próprio
DNA no de seu hospedeiro- eles
poderiam restaurar células não-funcionais à saúde perfeita.
Os camundongos foram então
capazes de produzir espermatozóides, e, usando um método de
fertilização in vitro chamado injeção de espermatozóide introcitoplasmática (Icsi, na sigla em inglês), que já é consagrado e frequentemente utilizado em humanos, cinco camundongos machos
foram capazes de ter 390 filhotes.
Melhor ainda, os filhotes não
carregavam nenhum dos genes
do lentivírus. Isso indica que a terapia aparentemente é segura,
apesar de chegar perigosamente
perto da chamada geneterapia de
células germinativas, na qual a
técnica poderia ser usada para
modificar a herança genética de
um indivíduo.
Uma porta-voz da Autoridade de Fertilização Humana e Embriologia, órgão que precisa licenciar qualquer uso da técnica em humanos no Reino Unido, se declarou otimista, mas cautelosa.
"Vamos acompanhar isso com grande interesse, mas é um salto
gigantesco ir de estudos iniciais com animais a responder sobre
quais seriam os efeitos em seres humanos. Provavelmente não rejeitaríamos em princípio, mas teríamos de olhar para todas as aplicações, a fim de usar esse método individualmente".
A chave para o sucesso da técnica é que ela não passa o DNA "inserido" do lentivírus, mesmo que ele esteja agindo nas células que
ajudam a gerar os espermatozóides, evitando que seu conteúdo
seja transmitido aos óvulos posteriormente fecundados.
A terapia genética de células
germinativas é proibida por causa
de seus riscos potenciais -os
cientistas ainda não estão certos
sobre a estabilidade de modificações como essa e se o DNA do vírus utilizado para adicionar as mudanças seria seguro se passado
aos descendentes dos tratados.
O novo sistema pareceu ser seguro, disse a equipe do Laboratório de Genética no Salk Institute, em La Jolla, Califórnia (EUA), e
do Instituto de Pesquisa Química
e Física, em Tsukuba, Japão.
Mas na revista da Academia Nacional de Ciências dos EUA, a
"PNAS" (www.pnas.org), os autores apontam que "mais estudos detalhados e de larga escala podem ser necessários, porque é difícil excluir totalmente a possibilidade de transmissão por células
germinativas".
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