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ASTRONOMIA
Estudos com telescópio espacial também revelam ingredientes da vida em discos de poeira de estrelas jovens
Nasa encontra planeta-bebê extra-solar
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Astrônomos nos EUA anunciaram a descoberta do que pode ser
o planeta mais novo já detectado.
Já outro grupo de pesquisadores,
usando o mesmo equipamento,
identificou pela primeira vez de
forma indubitável a presença dos
ingredientes essenciais à vida
num disco de poeira ao redor de
outra estrela, que não o Sol.
As descobertas são apenas as
primeiras, de muitas mais que
promete o Telescópio Espacial
Spitzer, lançado no ano passado
pela Nasa, a agência espacial americana. Coletando luz em freqüências do infravermelho que não
podem ser observadas do solo, o
sistema faz maravilhas na caça a
discos de poeira em torno de estrelas jovens. Acredita-se que esses aglomerados de gás e partículas sejam a matéria-prima para a
construção de planetas.
A hipótese de que esse seja o
modo pelo qual as estrelas fabricam seus planetas remonta ao final do século 18, elaborada principalmente pelo matemático francês Pierre-Simon de Laplace
(1749-1827). Mas o primeiro desses discos só foi observado mesmo nos anos 1980, por cientistas
do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia), instituição-mãe do JPL (Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa), órgão que
hoje administra o Spitzer.
A detecção do planeta-bebê
ocorreu durante um rastreamento de uma coleção de estrelas jovens, à procura de mais exemplos
desses chamados discos de acreção. Num deles, em torno da estrela CoKu Tau 4, eles acharam algo intrigante: um vão, no meio do
disco. A explicação mais provável,
segundo eles, é a de que um planeta gigante gasoso esteja naquela
posição, agindo como um "limpa-trilho", num sistema ainda em
fase final de formação.
Caso seja confirmado, será o
planeta mais novo já detectado
-praticamente um bebê, com
menos de 1 milhão de anos de idade. Para efeito de comparação, a
Terra tem uns 4,6 bilhões de anos.
Já a descoberta dos traços de gelo e compostos orgânicos (como
etanol) foi feita por Dan Watson e
William Forrest, da Universidade
de Rochester, nos EUA. Eles usaram o Spitzer para observar cinco
estrelas jovens na constelação de
Touro, a 420 anos-luz daqui (um
ano-luz equivale a 9,5 trilhões de
quilômetros).
A descoberta confirma a hipótese de que essas substâncias são o
"feijão com arroz" da formação
de planetas cosmos afora -o que
leva à conclusão de que, no que
depender de matéria-prima, a vida deve ser comum no Universo.
Os feitos foram anunciados ontem, no JPL da Nasa, em Pasadena, Califórnia. Os detalhes técnicos das descobertas serão revelados futuramente em artigos publicados no suplemento da publicação especializada "Astrophysical Journal", em 1º de setembro.
Para o "Guinness Book"
Além da detecção dos ingredientes da vida e do planeta mais
jovem, os astrônomos presentes
também apresentaram um novo
recorde: os dois discos de acreção
mais distantes já observados.
Eles estão num berçário estelar
com cerca de 300 estrelas recém-nascidas, chamado RCW 49. Ele
está localizado a 13.700 anos-luz
da Terra, na constelação do Centauro. "Dados preliminares sugerem que todas as 300 ou mais estrelas abrigam discos, mas até
agora só olhamos de perto duas
delas. Ambas tinham discos", disse Ed Churchwell, astrônomo da
Universidade de Wisconsin e líder da equipe que conduziu esse
estudo específico com o Spitzer.
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