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Cientistas vão ao Ártico no fim do ano buscar peixe com dedos
DO ENVIADO A CHICAGO
Ninguém sabe ainda o que
acontecerá com os embriões de
lampreia que receberam o DNA
do peixe paulistinha. No melhor dos cenários, caso a hipótese de Igor Schneider esteja
certa, a sequência reguladora
do paulistinha produzirá daqui
a duas semanas bichos bem bizarros -lampreias com pares
de barbatanas laterais.
"Pode ser que da primeira
vez não dê certo, algo raro em
ciência", ironiza (coisas dão errado o tempo todo em ciência).
Se der certo, será mais uma
humilhação que os evolucionistas impõem à humanidade:
saber que os mesmos genes que
formam a mão humana, tida e
havida como o suprassumo da
Criação, já estavam presentes
na lampreia, uma das criaturas
mais detestáveis do planeta.
Seria também mais uma evidência de que as grandes transições evolutivas, que cientistas como Schneider e Shubin
tentam entender, dependem
menos de mutações nos genes
que codificam proteínas e mais
de sequências reguladoras -
que até pouco tempo atrás
eram chamadas de "DNA-lixo".
Peixe fora d'água
Enquanto isso, Neil Shubin e
Ted Daeschler planejam para o
fim do ano uma nova expedição
ao Ártico em busca de fósseis.
"Quero ver um peixe com dedos", diz Shubin. Um intermediário entre o Tiktaalik e os anfíbios, que tem tudo para despertar mais fúria criacionista.
A equipe passará três meses
revirando rochas de 5 milhões
a 10 milhões de anos mais jovens que aquelas onde o Tiktaalik foi descoberto, mas que
se formaram no mesmo ambiente: águas rasas e mornas,
"como as de regiões da Amazônia de hoje". Nesses igarapés
devonianos, repletos de predadores vorazes, diz Shubin, sair
da água provavelmente se tornou uma estratégia de sobrevivência. "Parece que nossos ancestrais evitaram a luta."
(CA)
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