São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 2011 |
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Ibama flagra desmatamento com agrotóxico As 4 t de herbicidas seriam usadas para devastar 3.000 hectares de floresta na Amazônia Agrotóxico apreendido pelo Ibama durante operação às margens de afluente do Madeira KÁTIA BRASIL DE MANAUS O Ibama apreendeu na sexta-feira quatro toneladas de agrotóxicos que seriam utilizados para desmatar 3.000 hectares de floresta nativa da União em Novo Aripuanã, sul do Amazonas. O único registro de uso de agrotóxico em desmatamentos no Estado ocorreu em 1999. Durante um sobrevoo, fiscais do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) encontraram uma área de 250 hectares, no município de Boca do Acre, já destruída por ação do veneno Tordon 2,4 D. Pulverizados sobre a floresta, os agrotóxicos têm o poder de desfolhar as árvores. "A floresta vira um grande paliteiro, facilitando o desmatamento. É o mesmo processo usado pelo exército norte-americano para encontrar os vietnamitas na guerra do Vietnã", disse o superintendente do Ibama no Amazonas, Mário Lúcio Reis. OPERAÇÃO Os fiscais do Ibama monitoravam o envio da carga de Rondônia para Novo Aripuanã (227 km de Manaus) havia uma semana. Na sexta-feira, os produtos foram apreendidos em uma região de floresta desabitada às margens do rio Acari (afluente do Madeira), que fica nos limites entre a RDS (Reserva de Desenvolvimento Sustentável) do Juma e uma propriedade de um fazendeiro de Rondônia. Os produtos químicos estavam escondidos debaixo de uma lona. Na carga, foram identificados os agrotóxicos 2,4 D Amina 72, U46BR, Garlon 480 e óleo mineral. Eles são comercializados legalmente como herbicidas para matar ervas daninhas em plantações de arroz e milho. O nome do fazendeiro, que já foi multado por desmatar floresta nativa em outra ocasião, está sob sigilo devido às investigações do novo crime ambiental. A multa pode chegar a R$ 2 milhões. Reis afirma que os fiscais encontraram uma pista de pouso na fazenda, de onde partiria um avião pulverizador para jogar os agrotóxicos sobre a floresta. QUEIMADAS Ainda de acordo com o superintendente, após a pulverização as árvores que têm valor comercial são derrubadas com motosserras. "Depois, eles fazem queimadas para limpar o terreno. No lugar da floresta, o fazendeiro iria criar um grande pasto." Segundo o agrônomo e pesquisador do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) Hiroshi Noda, ao serem lançados sobre a floresta, os agrotóxicos contaminam solo, lençóis freáticos, animais e seres humanos. "Eles causam uma reação química no metabolismo das árvores, provocando seu colapso imediato", disse. Noda afirmou que, meses após a pulverização dos agrotóxicos, a terra pode ser utilizada para pastagens. Texto Anterior: Genoma de diabo-da-tasmânia pode ser arma antiextinção Índice | Comunicar Erros |
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