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Descoberta
reafirma teoria
da evolução
MARTA MIRAZÓN LAHR
ESPECIAL PARA A FOLHA
Na última década, sete ou oito
novas espécies de hominídeo foram descritas, o que levou à reforma da árvore genealógica da humanidade e ao reconhecimento
da variabilidade de nichos ecológicos ocupados por hominídeos.
Hoje, são reconhecidas até 20
espécies de hominídeos; muitas
existiram concomitantemente, levando ao abandono da noção de
uma seqüência evolutiva linear
em direção ao homem moderno.
Também se aceita que o H. sapiens evoluiu na África recentemente (nos últimos 250 mil anos),
de onde se dispersou para o mundo, transformando-se na única
espécie de hominídeo existente.
Os fósseis descobertos na ilha de
Flores representam mais do que
uma adição a esse registro fantástico da evolução da nossa família.
As criaturas, interpretadas como
descendentes do Homo erectus da
ilha de Java, que, isoladas na pequena ilha, viraram pigméias, demonstram que os hominídeos
obedeceram às mesmas regras
evolutivas que os outros animais.
Os fósseis, que receberam o nome de Homo floresiensis, levantam inúmeras questões: qual era o
seu padrão de crescimento? Por
que o processo alométrico que o
levou a reduzir o tamanho em
30% provocou uma redução do
cérebro de mais de 50%?
Como pensava uma criatura
com cérebro menor do que
"Lucy" -o célebre Australopithecus afarensis de 3,5 milhões de
anos- mas que sabia manufaturar ferramentas e caçar elefantes
(pigmeus estes também)?
Podemos ainda nos perguntar
se estas criaturas se encontraram
frente a frente com caçadores humanos e se estes tiveram um papel na sua extinção. O Homo floresiensis é, sem dúvida, uma das
descobertas paleoantropológicas
mais fantásticas.
Marta Mirazón Lahr é diretora do Laboratório Duckworth no Centro Leverhulme
de Estudos Evolutivos Humanos da Universidade de Cambridge, Reino Unido
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