São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2011

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Chefe da Nasa fecha parceria com o Brasil

Em visita ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Charles Bolden assinou acordos sobre projetos conjuntos

Brasil terá acesso a dados de satélite sobre as chuvas no planeta e a pesquisas sobre a camada de ozônio

Lalo de Almeida/Folhapress
O presidente da Agência Espacial Brasileira, Marco Antonio Raupp (à esq.), com Charles Bolden, administrador da Nasa

GIULIANA MIRANDA
ENVIADA ESPECIAL A SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O administrador da Nasa, Charles Bolden, esteve ontem em São José dos Campos (interior de São Paulo) para firmar acordos entre sua agência e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) nas áreas de clima, desastres naturais e ambiente.
O primeiro deles abre a possibilidade de participação do Brasil no projeto GPM (Medidas Globais de Precipitação, em inglês). O GPM, uma parceria dos EUA com a Jaxa (agência espacial japonesa), é uma espécie de constelação de satélites que permitirá coletar dados como quantidade e periodicidade de chuvas de boa parte do planeta.
"Com esse acordo, o Brasil poderá ter acesso aos dados dos satélites mais facilmente, com pouca burocracia", avalia Marco Antonio Chamon, coordenador de gestão tecnológica do Inpe.
Apesar do avanço, a Nasa não bateu o martelo sobre a construção de um satélite em parceria com o Inpe, dentro do projeto GPM. A proposta chegou a fazer parte dos planos da Nasa durante algum tempo, mas os sucessivos cortes no orçamento espacial americano cancelaram a negociação.
"Estamos frustrados. Nós esperamos isso há algum tempo", diz Chamon. Apesar da insatisfação, o coordenador afirma que, com o que já existe de concreto, o futuro sistema de alerta de desastres naturais do Brasil ficará mais robusto.
O outro acordo diz respeito a pesquisas da composição atmosférica, sobretudo da camada de ozônio. Os termos de cooperação foram assinados por Bolden e pelo presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira), Marco Antonio Raupp, no laboratório de testagem de satélites do Inpe.
O administrador fez um rápido passeio pelas dependências, mas não respondeu a perguntas da imprensa. Normalmente falante, Bolden tem diminuído suas declarações à mídia desde que as pressões sobre o orçamento do telescópio James Webb, que sucederá o Hubble, intensificaram-se.
O custo bilionário do dispositivo tem sofrido constantes aumentos. Parte do Congresso americano pede seu congelamento ou diminuição radical de recursos.

'SHOWMAN'
Apesar disso, o chefe da Nasa esbanjou simpatia com uma plateia de crianças e estudantes do Inpe. Bolden falou sobre sua experiência como astronauta (ele participou de quatro missões do ônibus espacial) e falou sobre os projetos científicos da agência.
Caminhando em meio à plateia e contando piadas com seu forte sotaque da Carolina do Sul, Bolden reforçou a importância do estudo de matemática e ciências.
Primeiro negro e ex-astronauta a comandar a maior agência espacial do mundo em caráter permanente, Bolden deixou o recado: "Não tenha medo de falhar". O slide era ilustrado por uma foto de um ônibus espacial, cuja frota foi aposentada em julho após dois acidentes fatais.
Um dos desafios atuais da Nasa, e do próprio Bolden, é encontrar um sucessor para as naves aposentadas.


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