|
Próximo Texto | Índice
Mato Grosso vê desmate cair em 2006, diz grupo
Taxa desacelerou entre agosto e outubro deste ano em relação aos dois anteriores
Segundo dados do Imazon,
apenas 8% da derrubada foi
legal; assentamentos de
reforma agrária concentram
24% da devastação ilegal
DA REDAÇÃO
O ano de 2006, quem diria,
termina com uma boa notícia
para o Estado campeão de desmatamento na Amazônia. Medições feitas por um grupo de
pesquisadores de Belém e publicadas hoje mostram que a
derrubada de árvores em Mato
Grosso caiu no segundo semestre, período mais crítico de devastação, e deve continuar
caindo em 2007.
Os dados são do SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento), ferramenta criada pela
ONG de pesquisas Imazon
(Instituto do Homem e Meio
Ambiente da Amazônia) para
monitorar a cobertura florestal
em tempo real. Eles indicam
que, em outubro, o desmate
caiu 59% em Mato Grosso em
relação a setembro. Numa
comparação com outubro de
2004 e 2005, a queda foi de
45% e 73%, respectivamente.
O trimestre agosto-setembro-outubro teve também uma
média de remoção de floresta
na Amazônia mato-grossense
menor do que nos dois outros
anos para os quais existem dados do SAD. Isso é importante,
afirmam os pesquisadores, porque é justamente esse o trimestre crítico para o desmatamento. Com as chuvas, que começam a cair no fim do ano, o ritmo da destruição arrefece até
abril do ano seguinte. Se a tendência for seguida, o "ano fiscal" do desmatamento que vai
de agosto de 2006 a julho de
2007 terá queda na taxa.
"Pode ser, no entanto, que
após abril [a derrubada] cresça
muito mais rápido", acautela-se Adalberto Veríssimo, co-autor do estudo.
Ele diz não ser possível ainda
determinar as razões da queda
-que podem passar pela crise
do agronegócio em 2006, por
ações de fiscalização do governo e pela relativa moralização
da Sema, o órgão ambiental estadual, reformado após a Operação Curupira, em 2005.
"É simplista achar que é só
ação do governo de um lado e o
mercado do outro", diz Veríssimo. "A verdade é que temos
muito pouca informação ainda", continua, citando como
exemplo o fato de que o SAD
não monitora as áreas de cerrado. "Não sabemos se a pressão
sobre o cerrado aumentou."
Apesar da queda na taxa, 92%
do desmatamento visto em
Mato Grosso em outubro foi
ilegal. Quase um quarto dessa
derrubada clandestina foi feita
em assentamentos rurais.
Usando dados do Inpe, o grupo do Imazon também montou
um mapa das regiões críticas de
desmate no Estado (veja quadro à esq.). A análise mostrou
que em meros 17% da área analisada há mais de 80% de florestas em pé. Os dados estão na internet (www.imazon.org.br).
Próximo Texto: Espaço: Sonda francesa decola para caçar planetas Índice
|