São Paulo, terça-feira, 28 de dezembro de 2010

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Marreca monitorada volta para a China após viajar 12 mil km

Cientistas acompanharam a migração do bicho por 10 meses

Tim Zurowski/Getty Images
Exemplar da espécie ‘Anas acuta’; na migração, o bicho viaja até três dias seguidos

DE SÃO PAULO

O primeiro marreco selvagem com um tipo de transmissor "acoplado" acaba de retornar para Hong Kong, na China, após viajar 12 mil km durante cerca de dez meses.
O bicho-uma fêmea- e mais 22 outros da sua espécie Anas acuta, conhecida como marreca-arrebio, receberam transmissores movidos a energia solar há um ano.
Os equipamentos foram instalados por cientistas da ONG internacional WWF, num projeto realizado em parceria com a Universidade de Hong Kong e com outras instituições científicas.
Os dados do transmissor mostram que o animal que retornou à China deixou aquele país no dia 25 de fevereiro e começou uma peregrinação migratória pelo Ártico e outras regiões.
A marreca completou o circuito ártico no meio de junho. Depois parou no leste e nordeste da China e na Coreia do Sul antes de atingir a Sibéria, onde ficou por três meses para reprodução.
Em seguida, já em setembro, o bicho seguiu viagem, desta vez para o sul.
A marreca atingiu uma velocidade média de 50 km por hora e chegou a viajar por 1.700 km durante três dias seguidos. A parada para o descanso depois dessa maratona foi primeiro na Rússia e, em seguida, no Japão.
Depois disso, o bicho seguiu de volta para a China após terem circulado nada menos do que 12 mil km.

PELO GOOGLE
Durante a jornada dos marrecos, os cientistas da WWF usaram uma ferramenta da Google- o Google Earth- para identificar, por meio dos transmissores, por onde voavam as aves.
Uma das pesquisadores envolvidas no projeto, Katherine Leung, da WWF de Hong Kong, disse à imprensa que a ONG conseguiu colher informações importantes sobre o movimento migratório de aves por meio do projeto.
De acordo com Leung, os marrecos passaram por uma série de infortúnios no seu processo migratório, que vão desde predadores naturais até doenças fatais.
"Conhecer a rota migratório dos marrecos pode nos ajudar a protegê-los no futuro", disse a cientista.
Apenas dois marrecos do grupo seguem com seus transmissores funcionando. Os outros, acredita a WWF, podem ter deixado o equipamento cair ou podem ter sido caçados por onde passaram.
Por exemplo, um dos bichos do grupo deve ter sido abatido na Rússia, onde foi encontrado seu transmissor. Outro membro do grupo parece ter se desviado da rota e foi parar na Coreia do Norte, onde ficou por um mês.
Os cientistas estão interessados na migração também para entender uma possível rota da gripe aviária -doença viral que atinge as aves e matou seis pessoas em Hong Kong, em 1997.


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