|
Próximo Texto | Índice
Governo controla 81% das cidades líderes no desmate
Prefeitos de partidos aliados de Lula são 29, oposição tem 5 e 2 são dos "nanicos'
PR, sigla de Maggi, controla um quarto das prefeituras; deputado líder da legenda diz que problema está fora da alçada do poder local
FÁBIO ZANINI
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PR, partido cujo presidente de honra é o governador de
Mato Grosso, Blairo Maggi,
controla um quarto das 36 cidades apontadas na semana passada pelo Ministério do Meio
Ambiente como as campeãs do
desmatamento amazônico.
O PT, partido da ministra
Marina Silva, vem em segundo
lugar, ao lado do PMDB, com
cinco cidades, cada, na "lista suja" do governo.
O mapa dos municípios que
mais desmatam mostra uma
folgada maioria de prefeituras
controladas por partidos da base do governo. São 29, enquanto três partidos de oposição
(PSDB, DEM e PPS) têm juntas
cinco prefeituras. As outras
duas são de legendas "nanicas"
sem representação no Congresso Nacional, o PRP e o PSL.
Empresário que é apontado
como "rei da soja", Maggi migrou no início do ano passado
do PPS para o PR, com o objetivo de receber melhor tratamento do governo. Junto, levou cerca de 30 prefeitos, que
seguem cegamente sua orientação política. Dos nove prefeitos do partido na lista dos desmatadores, oito são mato-grossenses e um é do Pará.
"Isso [desmatamento] não
faz parte da orientação do PR.
Inclusive temos um item no
nosso programa que apóia integralmente a preservação ambiental", disse Luciano Castro
(RR), líder do partido na Câmara dos Deputados.
Castro diz que o poder que os
municípios têm para interferir
no desmatamento é limitado,
em comparação com os governos estaduais e federal. "A vinculação com as prefeituras me
parece fora de foco. Acredito
que a maior área desmatada seja privada, que está sobre o controle do Ibama e por isso os prefeitos não têm controle", afirma o representante do PR.
Mas, como lembra o secretário nacional de meio ambiente
do PT, deputado Fernando
Ferro (PE), os prefeitos podem
agir como "agentes de identificação do problema".
"Nós precisamos começar
um processo de sensibilização
com os prefeitos sobre a gravidade da situação. Em primeiro
lugar, obviamente, procurando
os prefeitos do nosso próprio
partido", afirma Ferro. Mas ele
nega que haja um desconforto
político especial para o partido.
"O desconforto é para o país como um todo".
Alguns dos prefeitos fazem
coro com o Ministério da Agricultura e negam que a expansão
desmedida da pecuária seja a
causadora do aumento da área
desmatada na Amazônia.
O prefeito de Santana do Araguaia (PA), Antônio Carveli Filho (PPS), por exemplo, aponta
o dedo para os cerca de 5.000
assentados do Incra (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no município.
"O próprio governo federal
criou esse problema. Os colonos tocam fogo para fazer suas
lavouras e nós não podemos fazer nada. Se a gente for lá, leva
porrada", diz o prefeito da cidade paraense.
Próximo Texto: Posição reiterada: "Dados foram checados, rechecados e trechecados", diz Gilberto Câmara, diretor do Inpe Índice
|