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Grupo testa nanotecnologia contra câncer
Para pesquisador norte-americano, doença passará de grave a "administrável" daqui a uma década
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Dentro de dez a quinze anos,
provavelmente ainda não haverá algo que possa ser chamado
de uma cura para todos os tipos
de câncer, mas esta será uma
doença "administrável". É a
opinião do oncologista Júri Gelovani, do Centro M.D. Anderson de pesquisa contra o câncer, da Universidade do Texas.
Gelovani, um dos cientistas
que lideram hoje a pesquisa sobre imagens para diagnóstico
da doença, deu uma palestra
sobre o tema ontem em São
Paulo em um simpósio promovido pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
"Provavelmente, no futuro,
nós converteremos o câncer
em uma doença que poderemos detectar cedo e que possamos administrar, da mesma
forma que administramos hipertensão, diabetes e epilepsia", disse Gelovani à Folha.
"Deixaria de ser uma doença
que chamarmos de "grave" para
se tornar gerenciável."
Gelovani pesquisa hoje formas de usar máquinas sofisticadas de imagem, como PET
scan (tomografia por emissão
de pósitrons) e ressonância
magnética, para identificar formas mais precisas de detectar
onde os tumores estão.
Para isso, seu grupo usa uma
série de agentes -biomarcadores, no jargão médico- que reconhecem substâncias ou características específicas do tumor e se ligam a ele. Esses
agentes incluem de moléculas
nanoscópicas, proteínas que se
ligam a a proteínas específicas
de tumores e anticorpos a vírus
inofensivos modificados.
O objetivo do grupo é ir além
da tecnologia de imagem e
criar tratamentos que usam a
habilidade dessas moléculas
que reconhecem células específicas de tumores. "Ultimamente, muitos trabalhos tem
sido publicados mostrando que
essa abordagem é viável e pode
ser transportada para a clínica", diz Gelovani. "O problema
é que estamos falando de novos
processos de imageamento,
novas abordagens de tratamento e há problemas regulatórios que temos de superar."
Uma série de pesquisas do
grupo com animais em laboratórios deu certo, e o médico está agora tentando conseguir
aprovação no FDA (órgão americano que regula fármacos)
para iniciar testes clínicos.
Uma das abordagens do grupo
é transformar biomarcadores
que originalmente eram usados para diagnósticos de imagens em "iscas" para drogas.
Para o médico, dentro de
uma década ou um pouco mais,
tecnologias de seqüenciamento de genomas inteiros já deverão estar disponíveis para indivíduos a um preço razoável, e
um monitoramento regular
usando biomarcadores deve
começar desde cedo.
"Poderia ser selecionada
uma bateria de biomarcadores
para serem monitorados no
sangue, na saliva ou na urina."
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