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AIDS
Pesquisadores eliminam vírus HIV de células infectadas
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
O vírus causador da Aids
costuma ser comparado com
ex-marido ou ex-mulher:
uma vez que entrou na sua
vida, nunca sai mais. Até agora. Uma equipe de quatro
pesquisadores na Alemanha
conseguiu eliminar de vez o
vírus HIV de células infectadas em proveta, abrindo nova possibilidade de que a
doença possa um dia ser efetivamente "curada".
"Embora ainda muito longe de uso clínico, nós especulamos que esse tipo de tecnologia poderá ser adaptado em
futuras terapias anti-retrovirais, entre outros usos possíveis", escreveram os pesquisadores em artigo na edição
de hoje da revista "Science"
(www.sciencemag.org).
O HIV é um retrovírus e
seu material genético é o
RNA (ácido ribonucléico),
em vez do DNA (ácido desoxirribonucléico) necessário
para sua reprodução.
O vírus lida com isso ao
usar enzimas para transformar seu RNA em DNA, em
seguida integrado-o ao DNA
da célula humana infectada
para que ela comece a funcionar como uma "fábrica"
para produzir novos vírus.
Enzimas são substâncias
protéicas que constituem
verdadeiras caixas de ferramentas dos seres vivos.
As enzimas do HIV estão
entre os atuais alvos das terapias, que buscam evitar a
entrada do invasor ou a fusão dos materiais genéticos.
O problema, lembram os
autores do estudo, é que os
tratamentos disponíveis hoje "apenas suprimem o ciclo
de vida viral sem erradicar a
infecção"; e novas variantes
do HIV surgem capazes de
resistir às terapias.
A equipe na Alemanha, então, optou por sabotar a fábrica de vírus quando ela já
está instalada na célula hospedeira, mas antes que essa
"indústria" possa iniciar a
sua produção de novos HIV.
Comentando o trabalho, o
pesquisador Alan Engelman,
do Instituto do Câncer Dana-Farber, de Boston, EUA,
diz que a descoberta, por enquanto, deve ser considerada como o primeiro "passo
de bebê" na direção certa.
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