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País poupa 2 bilhões de toneladas de CO2 em 4 anos
Queda em desmate da Amazônia ajudou Brasil a reduzir emissões, diz governo
Apesar de cifra ser 67% maior do que o próprio país emite ao ano, Brasil não tem uma política de clima; lei continua parada na Câmara
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
A redução do desmatamento
da Amazônia que ocorreu entre
2004 e 2008 fez o país deixar de
emitir para a atmosfera 2 bilhões de toneladas de CO2,
principal gás envolvido no
aquecimento global.
É mais do que emite, ao ano,
o Japão ou próprio Brasil, dois
dos seis maiores poluidores do
mundo. Cada nação emite 1,2
bilhão de toneladas.
A conta, feita pela secretária
nacional de Mudança Climática, Suzana Khan, será apresentada pelo Ministério do Meio
Ambiente na Groelândia. Ela e
o ministro Carlos Minc (Meio
Ambiente) participam nesta
semana de uma reunião com
25 ministros de meio ambiente
dos países que mais contribuem com as emissões de gases
de efeito estufa.
No período analisado, houve
uma diminuição da taxa de
desmatamento de 53 mil km2
(veja quadro à direita). A área é
maior do que o território da
Suíça -que possui 41 mil km2.
O objetivo da secretária é
mostrar o esforço que o país
tem feito para acabar com o
desmate na floresta amazônica. "Eles podem dizer que ainda desmatamos muito. Mas
olha o nosso tamanho. E moram 20 milhões de pessoas na
região, essas pessoas precisam
de renda", diz Khan.
A conta também visa a aplacar os ânimos da comunidade
internacional. A recente ação
do presidente Lula, que sancionou a medida provisória 458-
que dá terras de graça na Amazônia-, é considerada um desastre pelos ambientalistas e
teve repercussão internacional. O país quer mostrar que o
desmatamento está caindo e
que merece receber compensação financeira por isso.
Há um grande impasse nas
negociações para o próximo
acordo climático global. O clima é de desconfiança entre os
países desenvolvidos e os países em desenvolvimento.
Para colocarem propostas
verdadeiras na mesa, os ricos
querem que os mais pobres se
comprometam a também reduzirem as emissões de gases-estufa. E os países em desenvolvimento evitam se comprometer com metas -dizem que
a responsabilidade histórica é
dos países industrializados.
Entre os participantes do encontro na Groelândia estão Estados Unidos, China, Índia,
África do Sul e diversos europeus -Alemanha, França, Dinamarca, Suécia e Noruega.
"Os dois lados, dependendo
da forma como se analisa, têm
razão", diz a secretária. E seu
ponto de vista é que o Brasil
tem muito a perder com o aumento da temperatura do planeta. "Mais até do que a China,
por exemplo", diz. O aquecimento global pode transformar
a Amazônia em savana e afetar
a agricultura em todo o país.
Política de clima
O projeto de lei que cria a Política Nacional de Clima continua parado no Congresso. Na
semana passada, ONGs apresentaram um manifesto que
pedia, entre outras coisas, agilidade para a aprovação da lei.
Khan concorda que a aprovação da lei é importante. "Se não
tiver esse norteador do desenvolvimento vai cada um para
um lado", afirma.
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