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AMBIENTE
Pesquisa mostra que aumento do gás carbônico pode estar fazendo árvores crescerem rápido e morrerem jovens
Amazônia tem "síndrome de James Dean"
CLAUDIO ANGELO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Viva rápido, morra jovem. Essa
"síndrome de James Dean" parece estar afetando as árvores da
Amazônia. As causas ainda não
estão claras, mas existe uma boa
possibilidade de o aumento nos
níveis de gás carbônico na atmosfera ser o culpado. As conseqüências também não, mas no horizonte pode estar uma redução na
biodiversidade da floresta.
O fenômeno foi detectado numa série de estudos do LBA (Experimento de Grande Escala da
Biosfera-Atmosfera na Amazônia) e apresentado ontem pelo
britânico Yadvinder Malhi, da
Universidade de Oxford, na 3ª
Conferência Científica do projeto,
que se encerra hoje em Brasília.
Malhi e seus colegas analisaram
o padrão de crescimento de árvores em cerca de cem áreas da
Amazônia, a maior parte na região oeste da floresta (Peru, Bolívia e Equador). Essas árvores haviam sido medidas há 20 anos e
foram reavaliadas agora.
O grupo descobriu que as árvores do oeste crescem mais depressa que as do leste. A causa, afirma
Malhi, é a maior fertilidade dos
solos na alta Amazônia em relação ao baixo curso do rio, no Brasil. Árvores de crescimento mais
rápido, por outro lado, também
morrem mais depressa. O chamado tempo de residência do carbono nas florestas (medida relacionada com o tempo de vida das árvores) em áreas analisadas pelos
cientistas na bacia do baixo Amazonas é de 70 anos, contra cerca
de 30 nas regiões mais férteis. "Isso as torna mais sensíveis a perturbações globais no carbono",
disse o pesquisador britânico.
O excesso de gás carbônico
(CO2) na atmosfera, decorrente
da queima de combustíveis fósseis como o petróleo por atividades humanas, "fertiliza" as plantas, aumentando a fotossíntese e
acelerando seu crescimento.
É o que parece estar acontecendo com as árvores amazônicas. A
aceleração verificada desde 1975 é
da ordem de 15% no oeste amazônico, e apenas 5% no leste.
"A nossa hipótese, que não está
provada, é que a maior concentração de CO2 está fertilizando as
árvores, fazendo-as crescer mais
rápido, ou aumentando a disponibilidade de nutrientes no solo
devido a uma maior taxa de decomposição", disse Mahli.
Pergunta: isso é uma coisa boa?
Cipós
Há dois lados na resposta. Por
um, o crescimento acelerado pode significar que a floresta está retirando mais CO2 da atmosfera,
funcionando como um "ralo" para o excesso do gás. Dados do próprio LBA indicam que a Amazônia é um pequeno sorvedouro de
carbono.
Por outro, como ocorre sempre
em sistemas complexos, há conseqüências inesperadas. "Temos
visto um aumento na abundância
de cipós", afirmou o britânico.
Plantas oportunistas de crescimento rápido, os cipós provocam
a morte de árvores.
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