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Brasil reduz contribuição e segue na ISS
Para manter direito a pesquisa, país fabricará peças mais simples do que pretendia, cortando gastos para US$ 10 milhões
Investimento original de
agência brasileira era de US$
120 milhões; possibilidade
de enviar outro astronauta
ainda não está descartada
MARIANA TAMARI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A AEB (Agência Espacial
Brasileira) afirmou ontem ter
recebido sinal verde da Nasa
para reduzir as atribuições do
Brasil no programa da ISS (Estação Espacial Internacional)
de US$ 120 milhões, definidos
no acordo de cooperação inicial, para no máximo US$ 10
milhões, o que garante ao país a
possibilidade de permanecer
como parceiro do projeto. A decisão foi tomada ontem em
uma teleconferência entre
membros da Nasa e da AEB.
Há cerca de seis anos, o Brasil
comprometeu-se em fornecer
US$ 120 milhões em peças e
equipamentos para a ISS. Em
contrapartida os brasileiros seriam sócios no programa da estação, poderiam fazer experimentos na ISS e treinariam um
astronauta para voar em um
ônibus espacial. Mas logo ficou
claro que o Brasil não teria condições de cumprir com sua parte do acordo.
O prazo de entrega dos equipamentos brasileiros já havia
expirado, mas o que manteve o
país no programa foi o acidente
com o ônibus espacial Columbia, que matou sete astronautas
em 2003 e colocou as naves da
Nasa "na garagem" até que se
ampliasse sua segurança.
De acordo com Sérgio Gaudenzi, presidente da AEB, os
projetos ligados à ISS caminhavam a passos lentos até o êxito
da viagem do ônibus espacial
Discovery, que retornou à Terra neste mês. Segundo ele, mesmo que os equipamentos tivessem sido entregues na data prevista, não teriam sido utilizados
em nenhuma missão.
"Reduzimos substancialmente nossa participação no
projeto, mas eles [da Nasa] já
entenderam", afirma Gaudenzi. "Nós continuamos com a
possibilidade de fazer experimentos de microgravidade na
ISS, continuamos como sócios
e, quem sabe, podemos até
mandar mais um astronauta
para o espaço."
A atribuição brasileira na fabricação das peças agora vai diminuir em complexidade, mas
aumentar em quantidade, pois
as peças são mais baratas.
"Quando saiu a primeira lista
de peças, logo depois foi visto
que era impossível fazê-las no
Brasil. Teríamos que importar
boa parte dos componentes
eletrônicos", conta Raimundo
Mussi, assessor técnico-científico da AEB.
O Brasil vai fornecer suportes em alumínio para os mesmos equipamentos eletrônicos
que produziria antes. Para
Mussi, a participação é boa para a indústria brasileira. "A vantagem de fazermos as peças no
Brasil é que isso qualifica a indústria para produção de material para embarque em vôos tripulados", diz. "Podemos entrar
em licitações da Nasa e outras
agências no futuro."
Base de Alcântara
Ao mesmo tempo em que a
AEB garante a participação
brasileira na Estação Espacial
Internacaional, enfrenta, dentro do Brasil, a suspensão cautelar da licitação referente à
execução do plano diretor do
Centro de Lançamento de Alcântara (MA).
Uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) divulgada ontem apontou que há
um sobrepreço de R$ 122 milhões nas contas apresentadas
pela AEB. Além disso, o relatório apresentado não é claro
quanto à exigência de licenças
ambientais.
"O que fizemos foi lançar a licitação antes de ter as licenças
ambientais do Ibama e temos
certeza que serão aprovadas",
disse Gaudenzi. "Aumentamos
o tempo de execução do projeto
de três para cinco anos. Isso aumenta os custos fixos, como
com laboratórios, por exemplo.
Essa é a única diferença", justifica ele.
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