São Paulo, sábado, 29 de setembro de 2007

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análise

Retórica nova só mascara política antiga

CLAUDIA ANTUNES
EDITORA DE MUNDO

Sob ataques de todos os lados por causa de sua política externa, a Casa Branca chegou a uma conclusão rotineira nos governos em apuros: o problema é de comunicação. Para resolvê-lo, criou uma novilíngua que consiste em usar conceitos que fazem deferência à opinião majoritária, mas para reafirmar as mesmas políticas de antes.
Foi assim no discurso em que, há duas semanas, Bush anunciou nova estratégia para a Guerra do Iraque, a do "retorno baseado em resultados". Ele falou em "trazer os nossos soldados para casa". Mas na prática, daqui a um ano, às vésperas da eleição presidencial, 130 mil ainda estarão no Iraque.
No encontro sobre clima, a tática se repetiu. Condoleezza Rice disse que o consumo energético baseado em combustíveis fósseis "não é mais sustentável". Terminou reafirmando que os EUA não aceitam metas multilaterais de redução das emissões.
A novilíngua é eficaz em confundir críticos e alentar apoiadores do governo. No dia do discurso do Iraque, a idéia que se propagou era a de que, de fato, Bush anunciara o início da retirada das tropas. No caso de Rice, houve quem falasse em virada na política climática. Mas, com a credibilidade de Bush em baixa, o efeito desse esforço retórico é de curto prazo. Tanto que, em outros campos ultradelicados, como o programa nuclear do Irã, Bush transferiu a maior parte da missão de ataque ao francês Nicolas Sarkozy e à alemã Angela Merkel, que têm maior capital político.


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