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análise
Retórica nova só mascara política antiga
CLAUDIA ANTUNES
EDITORA DE MUNDO
Sob ataques de todos os lados por causa de sua política
externa, a Casa Branca chegou a uma conclusão rotineira nos governos em apuros: o
problema é de comunicação.
Para resolvê-lo, criou uma
novilíngua que consiste em
usar conceitos que fazem deferência à opinião majoritária, mas para reafirmar as
mesmas políticas de antes.
Foi assim no discurso em
que, há duas semanas, Bush
anunciou nova estratégia para a Guerra do Iraque, a do
"retorno baseado em resultados". Ele falou em "trazer
os nossos soldados para casa". Mas na prática, daqui a
um ano, às vésperas da eleição presidencial, 130 mil ainda estarão no Iraque.
No encontro sobre clima, a
tática se repetiu. Condoleezza Rice disse que o consumo
energético baseado em combustíveis fósseis "não é mais
sustentável". Terminou reafirmando que os EUA não
aceitam metas multilaterais
de redução das emissões.
A novilíngua é eficaz em
confundir críticos e alentar
apoiadores do governo. No
dia do discurso do Iraque, a
idéia que se propagou era a
de que, de fato, Bush anunciara o início da retirada das
tropas. No caso de Rice, houve quem falasse em virada na
política climática. Mas, com
a credibilidade de Bush em
baixa, o efeito desse esforço
retórico é de curto prazo.
Tanto que, em outros campos ultradelicados, como o
programa nuclear do Irã,
Bush transferiu a maior parte da missão de ataque ao
francês Nicolas Sarkozy e à
alemã Angela Merkel, que
têm maior capital político.
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