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Cientista sugere incentivo para gado "ecológico"
DO EDITOR DE CIÊNCIA
Além de tentar estabelecer
um valor para a mata, o economista André Steffens Moraes
também estimar o quanto o ganho adicional de R$ 15,50 por
hectare -a diferença entre a
pecuária de "seco", que desmata, e a de "molhado"- se traduz
em prejuízos decorrentes da
perda do habitat pantaneiro.
Para isso, ele recorreu a uma
série de análises de custo-benefício e a estudos anteriores sobre quanto as pessoas estariam
dispostas a pagar pela simples
existência do Pantanal. De longe o serviço que mais vale é a
oferta de água, a verdadeira
commodity do Pantanal. O fornecimento garantido pela vegetação e a regulação de cheias e
secas vale mais de US$ 3.000
por hectare ao ano.
Benefícios globais, como armazenagem de carbono e regulação do clima, foram também
calculados, mas de maneira
menos precisa, já que há poucos estudos sobre o ciclo do carbono naquele bioma. Somados,
os benefícios locais e globais
chegam a US$ 8.100.
"São US$ 8.100 contra US$
30. Uma loucura, né?"
No entanto, quando se agrega a variável um tanto exótica
do "valor de existência", a loucura fica ainda maior: um hectare de Pantanal preservado
chega a quase US$ 17.500, e o
valor total do bioma, a incríveis
US$ 242 bilhões por ano.
Moraes, porém, não sugere
que os fazendeiros deixem de
desmatar em nome desse suposto valor de existência -um
dinheiro que, afinal, existe só
em teoria. "Todo mundo se beneficia, mas quem paga o custo
da conservação é o pecuarista."
A proposta do pesquisador é
que a sociedade subsidie os Zés
Leôncios, pagando para que
eles não desmatem. Uma forma
de fazer isso seria dar crédito
mais barato a pecuaristas que
mantêm suas áreas sem derrubada. Outra seria cobrar dos
hotéis pantaneiros uma taxa
para financiar pecuaristas.
(CA)
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