São Paulo, sexta-feira, 29 de outubro de 2004

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AMBIENTE

Grupo brasileiro e europeu cria centro temporário de lançamento de balões para pesquisar poluição atmosférica

Maranhão ganha base para estudo de clima

JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA

Uma equipe de cientistas europeus e brasileiros instalou um centro de pesquisas temporário na cidade de Timon, a 456 km de São Luís (MA), para, entre outros objetivos, avaliar os efeitos de gases tóxicos na atmosfera. O estudo é inédito no país.
Com base em dados enviados pelo satélite Envisat, lançado há dois anos pela Agência Espacial Européia, e em leituras realizadas por balões estratosféricos que serão lançados no município, os cientistas farão um levantamento de informações sobre a influência de alterações atmosféricas no clima do país na região mais próxima da linha do Equador, afirmou o francês Pierre Dedieu, do Cnes (Centro Nacional de Estudos Espaciais) da França, coordenador de operações do projeto.
"As análises feitas pelos os balões são mais precisas que as realizadas pelo satélite e nos propiciam uma leitura mais detalhada", disse Dedieu.
Oitenta cientistas da Alemanha, Itália, França e do Brasil permanecem na cidade (escolhida por estar perto do equador) até o dia 15 de dezembro.
Após o encerramento dos trabalhos de pesquisa em Timon, o grupo de cientistas prevê uma nova etapa de coleta e análise de dados, dessa vez em outras condições de latitude, em uma cidade ao norte da Suécia, a partir de março de 2005.
Está previsto o lançamento de oito balões estratosféricos a partir de quarta-feira -quando o satélite Envisat estará mais próximo da região de Timon-, com previsão de permanência no ar de até 12 horas. Com um peso que varia entre 400 kg e 700 kg, dependendo do tamanho do balão, os aparelhos farão leituras atmosféricas que serão analisadas e monitoradas pelos cientistas após a queda desses artefatos.
Cada aparelho, que pode atingir entre 38 mil e 45 mil metros de altitude, tem um custo estimado de US$ 250 mil, disse Elisete Rinke dos Santos, chefe do setor de balões estratosféricos do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O estudo realizado em Timon faz parte de uma parceria entre o órgão e o Cnes.

Envisat
Em março de 2002, a ESA (Agência Espacial Européia) lançou o Envisat -maior satélite europeu já colocado em órbita- da base de Kourou, na Guiana Francesa, com objetivos de monitoramento do aquecimento global, do grau de contaminação atmosférica e dos riscos de desastres naturais no planeta.
Com o auxílio de um foguete Ariane-5, o satélite Envisat, que pesa em torno de oito toneladas, foi disposto a cerca de 800 quilômetros de altitude.
A cada cem minutos, o Envisat, que teve um custo estimado de 2,2 bilhões, completa uma volta em torno da Terra. Suas informações são recebidas em uma estação de pesquisa da Agência Espacial Européia, processadas e liberadas aos cientistas e interessados no material.
Dados enviados pelo Envisat, por exemplo, permitiram um estudo de pesquisadores europeus que constatou que regiões dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia são as que possuem maiores concentrações de poluentes na Terra.


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