|
Próximo Texto | Índice
Governo já fala em novo plano do clima
Documento atual, que ainda não está pronto, é defasado e não tem metas; para secretária, texto é "obra em progresso"
Segundo Ministério do
Meio Ambiente, segunda versão ficará para 2009;
ONGs apresentam hoje
propostas de redução de CO2
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes mesmo de conseguir
concluir o Plano Nacional de
Mudança Climática, o governo
federal já prevê a montagem de
outro documento, oito meses
após o término do primeiro.
O texto atual, em fase de consulta pública, foi tachado de
frouxo por ambientalistas. A
principal crítica é o fato de ele
não apresentar metas de redução de emissões de gases-estufa
-ou, em alguns casos, não determinar o prazo em que deverá ser cumprido o objetivo.
Segundo a secretária nacional de Mudança Climática, Suzana Kahn Ribeiro, o plano é
uma "obra em progresso" -título inspirado em um show de
Caetano Veloso. "Não vejo esse
plano como um pacote fechado", disse. Segundo ela, esta é
uma "fase intermediária", em
que precisa ser feito um diagnóstico do país.
É essa "fase intermediária"
do plano que detalha como o
Brasil pretende agir contra o
aquecimento global que será
apresentada em dezembro na
conferência do clima de Poznan, Polônia. O encontro inicia
as negociações oficiais do acordo climático pós-Kyoto.
"Não adianta colocar metas
ou objetivos muito audaciosos
se não há meios de implementá-los", afirmou. De acordo
com a secretária, é fundamental a aprovação do Fundo Clima, que está no Congresso. Ele
permitiria usar parte do lucro
do petróleo no combate às mudanças climáticas.
Outro problema apontado no
plano são os dados defasados.
Em vista disso, o Ministério do
Meio Ambiente disse que vai
atualizar o inventário de emissões de gases-estufa para "complementar" o plano em 2009.
"Hoje nós usamos [dados] de
1994. O novo inventário terá
data-base de 2005, portanto
vamos estar com algo mais próximo da realidade para podermos acertar nossas estratégias", disse o ministro Carlos
Minc anteontem.
A secretária afirmou que o
plano precisa ser consenso no
governo. No caso das metas de
redução de emissão, a situação
é mais delicada.
"[Elas] passam até por um
outro nível de decisão, tem que
haver talvez uma orientação do
próprio presidente [Lula]."
O prazo da consulta pública
ao plano terminaria nesta sexta-feira. Entretanto, a pedido
dos ambientalistas, Minc decidiu prorrogá-lo por dez dias.
Entidades entregarão hoje
no ministério um manifesto
com sugestões ao plano. O texto, articulado pelo Observatório do Clima, garante que a definição de metas "proporciona
oportunidade de soluções tecnológicas inovadoras" e a competitividade da economia brasileira. O Greenpeace também
levará um documento em que
faz propostas para reduzir
emissões nas áreas de floresta,
energia, agronegócio e oceanos.
Próximo Texto: Humanos já usam 1,3 planeta, diz relatório Índice
|