São Paulo, sábado, 29 de outubro de 2011

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Supertelescópio vai sair, diz chefe da Nasa

Telescópio espacial James Webb, sucessor do Hubble, está ameaçado por ter estourado orçamento nos EUA

Aparelho, projetado para estudar galáxias na fase 'bebê', custará US$ 8,7 bi, quatro vezes o valor planejado

Zé Carlos Barretta/Folhapress
O ex-astronauta Charles Bolden, administrador da Nasa, durante entrevista em São Paulo

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

O telescópio espacial James Webb vai escapar da "morte" decretada pelo Congresso americano e estará funcionando plenamente em 2018, aposta o administrador da Nasa, Charles Bolden.
"O orçamento proposto pelo presidente Obama, que permite continuarmos com a construção do James Webb, será aprovado", disse ele em entrevista exclusiva à Folha.
O telescópio seria um sucessor mais potente do Hubble, capaz de detectar objetos e estrelas ainda mais distantes e antigos. Mas a construção já sofreu atraso de quatro anos e estourou o orçamento, que deve acabar quatro vezes acima do planejado, em US$ 8,7 bilhões.
O Congresso dos EUA, em era de vacas magras, propõe acabar com o telescópio para cortar gastos. Bolden falou sobre o tema em São Paulo, após assinar dois acordos de cooperação com a Agência Espacial Brasileira.

 

Folha - O telescópio James Webb continua sob ameaça de corte em seu financiamento?
Charles Bolden -
Quando me tornei diretor da Nasa [em 2009], descobrimos que o telescópio não estava bem do ponto de vista fiscal e de cronograma. Então mudamos o gerenciamento. Eu puxei para mim a atribuição de arrumar financiamento para ele. Nós submetemos um replanejamento dos gastos e agora contamos com o telescópio funcionando em 2018.

Mas o financiamento para o telescópio foi aprovado pelo Congresso?
A Câmara e o Senado ainda estão discutindo. Nós esperamos a conclusão do orçamento de 2012. Estou muito confiante de que o orçamento proposto pelo presidente Obama, que permite continuarmos com a construção do James Webb, será aprovado.

Havia expectativa do governo brasileiro de que o Inpe e a Nasa iriam assinar um acordo para parceria na construção e lançamento de satélites, e isso não ocorreu.
Nós assinamos dois acordos-quadro com o Brasil, um para pesquisa de precipitação pluviométrica -queremos que o Brasil participe usando os dados para suas necessidades aqui-, e outro para usar dados dos dois países para aumentar nossa compreensão sobre o ozônio e seus efeitos sobre o clima. Os dois projetos planejam usar ou usam satélites que já estão em desenvolvimento, então nós não vamos trazer um novo satélite.

O senhor foi astronauta por 14 anos, participou de quatro missões do ônibus espacial e ajudou a instalar o Hubble. Não sente falta do espaço?
Eu era muito mais jovem, intrépido, doido. Quando deixei de fazer isso, era hora de fazer coisas novas, abrir caminho para outras pessoas. Mas eu estaria mentindo se dissesse que não gostaria de voltar para o espaço.


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