São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 2002

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BIOTECNOLOGIA

Anúncio do nascimento de uma cópia genética humana foi feito anteontem por seita que acredita em ETs

Clone reflete mente "brutal", diz Vaticano

DA REDAÇÃO

O Vaticano condenou ontem o anúncio do nascimento do primeiro bebê clonado, feito sexta-feira pela química francesa Brigitte Boisselier, ligada à seita Movimento Raeliano. Para a Santa Sé, o suposto feito reflete uma "mentalidade brutal e privada de toda consideração ética e humana".
"O anúncio, sem nenhum elemento de prova, já recebeu a condenação moral de uma grande parte da comunidade científica internacional. Ele é, na verdade, a expressão de uma mentalidade brutal", declarou o porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro-Valls.
Elio Sgreccia, vice-presidente da Academia Pontifícia para a Vida, disse que os governos devem pensar em restrições à clonagem.
"A humanidade precisa se defender, como se defende de armas nucleares, de experimentos científicas desse tipo, que podem ter impacto pesado no seu futuro."
A empresa Clonaid, dirigida por Boisselier e ligada aos raelianos -seita que acredita que a vida na Terra foi criada por ETs-, anunciou que o primeiro clone, uma menina chamada Eva, nasceu na última quinta-feira em um local não revelado. Ela seria cópia de uma americana de 31 anos.
Apesar de ter prometido uma confirmação genética independente do feito para a próxima semana, Boisselier não apresentou nenhuma evidência de que realmente obteve um clone.
Embora conceitualmente simples, a clonagem de um animal adulto -pela qual o DNA de um único indivíduo é inserido num óvulo sem núcleo para formar um embrião- tem problemas técnicos. É quase consenso entre os cientistas de que não há clones normais de mamífero, o que leva a crer que um clone humano não teria boa saúde.
Para piorar, ninguém até hoje conseguiu clonar macacos, os parentes mais próximos dos humanos. Por isso, cientistas do mundo inteiro receberam o anúncio da Clonaid com ceticismo.
Até os concorrentes da Clonaid no "negócio" da clonagem reprodutiva, o cipriota-americano Panos Zavos e o italiano Severino Antinori, apressaram-se em criticar Boisselier. "Não houve evidências. Não é nada, senão palavras", disse Zavos.


Com agências internacionais


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