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Indicados do PT são maioria no Ibama
Apadrinhados pelo partido são 22 dos 28 chefes estaduais do instituto responsável por combater o desmatamento ilegal
Relatório de comitê externo
critica "burocratização" e
"corporativismo funcional"
no órgão; PMDB faz pressão
por mais cargos no setor
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Responsável por evitar o desmatamento ilegal no país, o
Ibama (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos
Renováveis) é um dos órgãos
federais com presença mais
forte de indicados do PT.
Além do presidente do órgão,
Bazileu Margarido, o partido
indicou 22 dos 28 chefes estaduais do instituto (o Amazonas
tem duas superintendências).
A maioria paga "dízimo" -doa
uma parcela do salário para o
caixa petista. Apenas cinco superintendentes podem ser considerados independentes, enquanto um deles, o chefe em
Teresina (PI), Romildo Mafra,
é da cota do PMDB.
Em relatório a ser apresentado ao governo depois do Carnaval, especialistas contratados
pelo MMA (Ministério do Meio
Ambiente) para avaliar as ações
contra o desmatamento apontam a suscetibilidade do Ibama
à "excessiva burocratização" e a
"corporativismos funcionais".
Um dos membros do comitê,
o climatologista Carlos Nobre,
do Inpe (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais), afirma
que os superintendentes estaduais do Ibama deveriam ser
escolhidos por um comitê de
buscas, como acontece há quase uma década nos institutos ligados ao MCT (Ministério da
Ciência e Tecnologia). Para Nobre, esse processo no MCT tem
evitado "pára-quedistas" -ou
seja, indicados políticos sem
conhecimento da área. "O funcionamento dos órgãos ambientais seria melhor e mais
efetivo se trouxesse pessoas de
melhor preparo."
Oposição
Insatisfeitos com a quantidade de indicados do PT no Ibama, os peemedebistas constantemente bombardeiam petistas
nos Estados. Em Santa Catarina, o governador Luiz Henrique tenta tirar do posto o petista Luiz Ernesto Trein, que se
segura por ter uma madrinha
forte, a senadora Ideli Salvatti.
Em Mato Grosso do Sul, o
PMDB quer tomar o cargo de
Nereu Fontes (PT). O indicado
seria Waldir Miranda, irmão do
deputado federal Waldemir
Moka, da cúpula ruralista.
Para arrebatar o Ibama, o PT
se aproveita da reserva de ambientalistas em seus quadros.
Assim, muitas das indicações
políticas têm algum conhecimento na área. A superintendente em São Paulo, Analice
Pereira, é um exemplo. Bióloga,
chegou ao cargo em 2003 por
influência de seu irmão, o ex-secretário-geral do PT Silvio
Pereira. O irmão caiu no "mensalão", mas ela segue no cargo.
Em 2005, o petista Hugo
Werle, então chefe do Ibama
em Cuiabá (MT), foi preso pela
Polícia Federal na Operação
Curupira, sob a suspeita de integrar um esquema com madeireiros para falsificar autorizações de transporte de madeira, facilitando extração ilegal. A
suspeita era de que dinheiro de
propinas financiasse o partido.
Para o petista Gilney Viana,
ex-secretário de Desenvolvimento Sustentável do MMA,
indicações políticas podem
ocorrer, mas devem ser exceção. "Parte da burocracia do
Ibama tem uma inclinação liberal, e é preciso uma orientação política em alguns casos.
Mas a regra deveria ser valorizar a prata da casa". Procurado,
o Ibama não se manifestou.
Colaborou CLAUDIO ANGELO, em Brasília
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