São Paulo, sábado, 30 de janeiro de 2010

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Dado indica base emotiva do senso ético

DA REPORTAGEM LOCAL

Submeter roedores de laboratório às agruras do dilema do prisioneiro trouxe mais indícios em favor da ideia de que as escolhas morais dos seres humanos derivam de uma fase relativamente primitiva da evolução da mente.
O mesmo "beabá" moral seria compartilhado com quase todos os mamíferos que levam vida social. E estaria baseado em emoções viscerais, e não na razão. É que, de um ponto de vista estritamente racional, não valeria a pena cooperar durante o dilema do prisioneiro: seja lá o que seu parceiro faça, a melhor opção é sempre trair.
O que impede a traição, ao que parece, é o anseio de estabelecer confiança mútua, provavelmente porque, em espécies sociais, um indivíduo vai ter novas oportunidades de interagir com o mesmo parceiro, o qual, então, poderá retribuir o favor.
Noutra brincadeira experimental, o jogo do ultimato, uma pessoa recebe uma quantia em dinheiro, que pode dividir como quiser com um parceiro. Mas os dois só ficam com o dinheiro se a oferta da primeira pessoa for aceita. O racional seria topar qualquer valor, já que R$1 é melhor do que nada. Não é isso o que acontece.
Testes em várias culturas humanas mostram que as pessoas preferem ficar sem nada a aceitar uma oferta inferior a pelo menos 20% do dinheiro (e, em geral, mais do que isso). Essa reação "cabeça quente" teria evoluído porque pessoas totalmente racionais seriam mais fáceis de explorar.
(REINALDO JOSÉ LOPES)


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