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Maior máquina do mundo, LHC
começa hoje a produzir ciência
Choques de prótons em mega-acelerador poderão revelar a "partícula de Deus"
RAFAEL GARCIA
EM GENEBRA
O mega-acelerador de partículas LHC faria na madrugada
de hoje as primeiras tentativas
de colisões capazes de produzir
ciência efetivamente inovadora. O experimento, que ganhou
o apelido de "máquina do Big
Bang", poderá então tentar detectar o bóson de Higgs, a partícula que confere massa às outras, segundo a teoria.
Tecnicamente, o acelerador
está funcionando desde novembro, mas só agora as colisões entre prótons que são produzidas em seu túnel circular
de 27 km chegam à energia de 7
TeV (teraelétron-volts), necessária às detecções.
A violência dos choques entre essas partículas, porém,
ainda é metade daquela prevista para o projeto. Quando o
LHC estiver pronto para colidir
seus feixes de prótons a 14 TeV,
será como como produzir um
choque frontal de dois trens-bala num túnel mais estreito
que um fio de cabelo. Isso só deve acontecer em 2012.
A agenda de experimentos
foi mudada depois de um acidente em setembro de 2008.
Uma sobrecarga de energia danificou vários dos ímãs supercondutores responsáveis por
acelerar as partículas.
Depois de ficar no conserto
por mais de um ano, o LHC vai
rodar sua primeira etapa de experimentos colidindo prótons
a 3,5 TeV. Físicos na sede do
Cern (Organização Europeia de
Física Nuclear), na fronteira da
Suíça com a França, estão ansiosos para o início do trabalho.
"Temos tido já, de vez em
quando, algumas colisões a 7
TeV, mas creio que não 100%
estáveis", disse à Folha Denis
Damázio, brasileiro que trabalha no Atlas, um dos grandes
detectores do LHC. Segundo
ele, os experimentos que vinham sendo feitos até a semana passada usavam apenas um
"bunch" -um pequeno "vagão", quando se compara o feixe de prótons a um trem.
Tanto o Atlas quanto os outros grandes detectores -o
CMS, Alice e o LHCb- trabalham de forma independente
entre si. Quase todos eles já
inauguraram sua produção
científica. Os artigos publicados, porém, ainda tratam mais
de aspectos técnicos, como calibração das máquinas.
Quando o feixe de prótons
completo estiver circulando
hoje, porém, os cientistas esperam que o Cern cumpra sua
promessa de "abrir a maior janela para potenciais descobertas na física de partículas em
uma década". Mesmo 7 TeV já
são mais que o triplo da energia
produzida pelo acelerador
americano Tevatron, o melhor
até o ano passado. Cientistas
calculam que isso é mais do que
suficiente para que de algumas
colisões finalmente apareça o
bóson de Higgs -a "partícula
de Deus", apelido que desagrada a muitos físicos.
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