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TECNOLOGIA
Computador utiliza DNA
Cientista quer inserir "máquina" no genoma
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Num futuro distante, computadores-médicos baseados em DNA
poderiam ser incorporados ao genoma humano. Eles estariam
prontos para entrar em ação assim que algo começasse a dar errado numa célula -por exemplo,
sua conversão numa entidade
cancerosa. Cortariam o mal pela
raiz antes mesmo que a pessoa
suspeitasse de algo de errado com
a sua saúde.
Essa é uma das idéias de Ehud
Shapiro para o futuro de sua pesquisa. Ele e colegas do Instituto
Weizmann, em Israel, são os responsáveis pelo anúncio, ontem,
de um computador-médico de
DNA que deu sinais promissores
-num tubo de ensaio- de que
poderá ajudar a combater doenças hoje fatais, como o câncer.
Shapiro esteve ontem em Bruxelas, na Bélgica, apresentando
sua visão do futuro em um congresso que reúne dezenas de cientistas proeminentes e ganhadores
do Prêmio Nobel. Antes de sua
apresentação, o pesquisador revelou à Folha, por e-mail, algumas
das idéias que permeiam os próximos passos de sua pesquisa.
Por ora, os computadores de
DNA só funcionam numa solução aquosa estéril. A arquitetura
ainda é muito instável para sobreviver ao confuso ambiente existente no interior das células. Iniciar os testes com criaturas vivas é
o próximo passo, afirma Shapiro.
"Os primeiros testes em culturas de células deverão ser realizados no futuro próximo", ele diz.
"Mas um protótipo que funcione
bem em um organismo vivo deverá levar entre cinco e dez anos
para ser desenvolvido."
Introduzir os computadores
nas células é um dos problemas a
serem resolvidos. Mas, no futuro,
talvez eles possam vir embutidos
junto com o DNA do genoma.
"Poderíamos imaginar, numa
visão futurista, um computador
molecular que seria implantado
no genoma. Então, a reprodução
de propriedades do DNA tornaria
possível carregar esse computador através de gerações", diz Shapiro. Apesar do potencial, ele reconhece que essa idéia ainda está
longe de se tornar prática. "É uma
possibilidade ainda distante, que
pode até nunca se realizar."
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