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AMBIENTE
Cientistas em conferência encerrada ontem pedem revolução científica impulsionada por investimentos oficiais
Para LBA, Amazônia precisa do governo
CLAUDIO ANGELO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
A Amazônia precisa de uma revolução científica e tecnológica
com investimentos concentrados
do governo, nos moldes do que
foi feito na criação do ITA (Instituto e Tecnologia da Aeronáutica)
e da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). O
diagnóstico é de cientistas reunidos em Brasília para a 3ª Conferência Científica do LBA (Experimento em Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia),
que acabou ontem.
Esse investimento, segundo o
diretor científico do LBA, Carlos
Nobre, inclui o estabelecimento
de meia dúzia de instituições
científicas fortes, como o Inpa
(Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia) e o Museu Paraense Emílio Goeldi, a formação de
3.000 cientistas e o desembolso
anual de R$ 300 milhões pelo Ministério da Ciência e Tecnologia
para pesquisas na região -uma
parte nada desprezível do orçamento do próprio ministério, estimado em R$ 2 bilhões.
"O Brasil é uma potência agrícola e a quarta potência aeronáutica do mundo graças à Embrapa
e ao ITA. A Amazônia é um desafio muito maior", disse Nobre.
Uma nova fase do LBA, começando em 2006, consumiria R$ 15
milhões por ano para consolidar
os resultados das pesquisas que
vêm desde o início do programa.
Em cinco anos, o experimento
consolidou várias suspeitas sobre
o funcionamento dos ecossistemas amazônicos. Dois resultados
importantes envolvem o fluxo de
carbono na floresta e o uso do fogo. Resultados do projeto apontam que a floresta é um sumidouro de gás carbônico, principal gás
de efeito estufa. Cerca de meia tonelada por hectare por ano seria
"seqüestrada" -mais que o gás
carbônico produzido pela queima
de combustíveis fósseis no Brasil.
Outra suspeita confirmada é o
prejuízo causado pelas queimadas para o clima local e para o ciclo de nutrientes do solo.
Desmatamento reduzido
Medidas simples, como o cumprimento do Código Florestal e a
implementação de áreas de conservação, podem reduzir o desmatamento da Amazônia em até
62% em relação às previsões a
partir do cenário atual.
A indicação é do primeiro modelo completo de destruição da
floresta, construído por pesquisadores do LBA. Segundo o modelo,
se o ritmo da devastação (que
vem acelerando nos últimos cinco
anos) for mantido, 47% dos 3,3
milhões de quilômetros quadrados de floresta existentes no Brasil
desaparecerão em 2050.
"Isso não deve ser visto como
uma cifra absoluta, mas como um
patamar", afirmou Britaldo Soares Filho, da Universidade Federal
de Minas Gerais, que criou o modelo em computador.
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