São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

QUÍMICA

Geração de hidrogênio se aproxima de viabilidade

Catalisador melhora produção de fonte de "energia limpa" com luz

DA REDAÇÃO

Pesquisadores americanos desenvolveram uma nova forma de catalisador (tipo de substância que estimula reações químicas) capaz de ajudar a transformar em realidade a produção de energia limpa a partir de hidrogênio. A idéia é um velho sonho da ciência e poderia aposentar os combustíveis fósseis, cuja queima é o principal fator do aumento do efeito estufa no planeta.
O químico Shahed Khan e seus colegas da Universidade Duquesne, na Pensilvânia, usaram o dióxido de titânio (TiO2) como base para a nova substância. Esse composto é usado desde os anos 70 para induzir a quebra de moléculas de água em hidrogênio, sob a ação da luz do Sol.
O TiO2 tem a vantagem de ser barato e permanecer quimicamente estável sob luz solar prolongada, mas ele só absorve a luz ultravioleta, que corresponde apenas a uma pequena fração da luminosidade do Sol que alcança a Terra, tornando ineficaz a produção de hidrogênio.
Para Khan, o problema estava no processo usado para criar o catalisador a partir do titânio metálico: o sistema criava outros compostos que absorvem mal a luz.
Para resolver isso, o pesquisador criou uma fornalha que queima uma folha metálica de titânio usando uma chama alimentada por gás natural. O metano (CH4) no gás se quebra em vapor d'água e dióxido de carbono (CO2) conforme queima, e o vapor transforma o titânio em TiO2.
Um pouco de carbono também entra na mistura, melhorando muito o desempenho do catalisador: ele foi capaz de converter 8,5% da energia solar na fabricação de hidrogênio -mais de oito vezes o nível conseguido até hoje.
Isso acontece porque a nova forma do catalisador também era capaz de absorver a luz visível. O estudo relatando a nova técnica foi publicado na revista científica norte-americana "Science" (www.sciencemag.org).
O desempenho conseguido por Khan e seus colegas ainda é menor do que os 10% recomendados pelo Departamento de Energia dos EUA para que um catalisador seja comercialmente viável. Mesmo assim, especialistas dizem que o grupo tem boas chances de alcançar essa meta com a técnica.


Texto Anterior: Biotecnologia: Bactéria do queijo vira vacina na França
Próximo Texto: Panorâmica: Droga combate pior forma de câncer de mama
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.