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Papéis ficaram mais de 50 anos desaparecidos
DE SÃO PAULO
Francis Crick morreu
em 2004, e acreditava-se
que boa parte das suas cartas da época da descoberta
da estrutura do DNA tinham sido jogadas fora.
Alexander Gann, responsável pelas publicações do Laboratório de
Cold Spring Harbor (EUA),
descobriu, porém, que isso não era verdade.
Crick dividiu sala em
Cambridge com outro pesquisador, Sydney Brenner,
por mais de 20 anos, inclusive nos anos 1950.
Brenner, que tem 83
anos (e ganhou o Nobel de
medicina, em 2002), quis
se livrar das várias caixas
de arquivo que guardava
há décadas. Deu tudo para
a equipe de Gann, que poderia ver algum valor histórico na sua vida.
Gann achou esse valor
histórico mas, para infelicidade de Brenner, não em
algo relacionado a ele.
Por algum motivo misterioso, em algum momento 34 cartas recebidas
e enviadas por Crick (ele
registrava tudo com papel
carbono) pularam para as
gavetas de Brenner na bagunça da sala que dividiam e ficaram assim guardadas por mais de 50 anos,
sem ver a luz do Sol.
Boa parte da correspondência foi com Maurice
Wilkins, um dos responsáveis por levar as imagens
de Rosalind Franklin para
Crick e James Watson sem
que ela tivesse conhecimento disso.
Wilkins também morreu em 2004. Do trio que
ganhou o Nobel, apenas
Watson está vivo, com 82,
e passou os últimos anos
se envolvendo em polêmicas. Disse, por exemplo,
que negros são menos inteligentes e que seria uma
ótima ideia utilizar a genética para deixar todas as
mulheres bonitas.
(RM)
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