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Com brasileiro à frente, mundo começa a negociar novo acordo contra emissões
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
Começam hoje na Tailândia,
com um brasileiro à frente, as
negociações do novo acordo
destinado a reduzir as emissões
emissões de gases-estufa, protegendo a Terra dos piores efeitos do aquecimento global.
Diplomatas de 190 países e
da União Européia se reúnem
em Bancoc durante esta semana para debater um plano de
ação que conduza, em 2009, ao
tratado climático que substituirá e ampliará as metas do
Protocolo de Kyoto a partir de
2013 (Kyoto vence em 2012).
Esta é a primeira reunião da
Convenção do Clima das Nações Unidas depois do ano passado, quando foi aprovado em
Bali (Indonésia) um acordo
histórico de lançar as negociações para o acordo pós-2012.
O chamado Mapa do Caminho de Bali, um rascunho de
plano de ação, estabelece que
países hoje desobrigados de
cortar emissões, como os gigantes do Terceiro Mundo, devam adotar compromissos
"mensuráveis, reportáveis e verificáveis" para agir no clima.
Ele põe esses países e os EUA
num "trilho" de negociação diferente do do Protocolo de
Kyoto, mas obriga os Estados
Unidos a adotar ações "equivalentes" às dos 37 países industrializados que continuam negociando metas mais ambiciosas sob o "trilho" do protocolo.
O Mapa do Caminho também estabelece os quatro eixos
do novo acordo: metas globais
para redução de emissões -o
ponto mais controverso, que ficou de fora da decisão de Bali-,
adaptação à mudança climática, financiamento aos países
em desenvolvimento e transferência de tecnologia.
"Em Bancoc vamos estabelecer o programa de trabalho do
novo processo, mas também
começar imediatamente os debates em torno dos pontos
identificados no plano de ação
de Bali", disse à Folha o diplomata brasileiro Luiz Alberto
Figueiredo Machado.
Quente ou frio
Figueiredo é o presidente do
grupo que negocia o acordo
pós-2012. Da habilidade política do ministro do Itamaraty depende em parte o futuro próximo do processo.
Se ele se comportar apenas
como manda o figurino, o encontro de Bancoc -e os que virão em seguida neste ano- definirá apenas cronogramas e
outras questões burocráticas.
Isso colocaria em risco toda a
negociação, já que os temas que
estão na mesa são complexos e
os países campeões de emissões estão divididos sobre eles.
Um impasse em 2008 pode
atrasar o processo a ponto de
impedir um acordo em 2009
-prazo crítico para que ele comece a vigorar em 2013.
O brasileiro, no entanto, tem
pressa. Seu plano é começar
desde já a rascunhar o texto do
novo acordo, tratando primeiro
dos temas menos polêmicos
(transferência de tecnologia,
adaptação e financiamento).
A principal dificuldade é a de
sempre: como distribuir o sacrifício. A União Européia quer
uma meta de corte de 25% a
40% das emissões até 2020 (em
relação aos níveis de 1990). O
Japão quer estabelecer metas
não nacionais, mas por setor da
economia. Os EUA, maiores
emissores do mundo, resistem
a metas nacionais obrigatórias
enquanto China e Índia não as
adotarem. Para o secretário-executivo da Convenção do Clima, Yvo de Boer, isso "não é
realista". "A responsabilidade
histórica pelo problema é das
nações industriais", afirmou.
Com Associated Press
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