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Partícula aguardada não será observada instantaneamente
RICARDO MIOTO
DA REPORTAGEM LOCAL
Por mais que capture o imaginário, o LHC não dará aos físicos um momento "eureka!"
Isso porque a descoberta do
bóson de Higgs não acontecerá
de repente, mesmo quando, em
um ano e meio, o LHC já tiver
dobrado o seu nível de energia.
Primeiro, é necessário um
demorado trabalho de coleta,
análise e reanálise de dados,
envolvendo complexos cálculos em computadores gigantescos para saber se a partícula
apareceu mesmo.
Além disso, é necessário, para que a conclusão seja estatisticamente confiável, que muitas colisões sejam feitas. Os físicos precisam de um repertório
vasto para poder fazer comparações -fazendo que com que
não exista "a" colisão em que o
bóson de Higgs apareceu.
E, claro, talvez o bóson de
Higgs nem sequer exista.
Sem motivos para pânico se
for assim, diz Sérgio Novaes, físico da Unesp. "Não se faz ciência só quando tudo dá certo. Há
uma ótima palavra em inglês
para isso: "serendipity". É quando você procura uma coisa e
acaba encontrando outra completamente diferente."
Novaes lidera, no Instituto
de Física Teórica da Unesp, em
São Paulo, cerca de dez outros
físicos na busca pelo bóson de
Higgs -ou pela tal outra coisa
completamente diferente. Eles
acompanham, em tempo real,
as colisões do LHC, em uma sala inaugurada ontem e que custou pouco mais de R$ 30 mil.
Além de uma outra na Universidade Estadual do Rio de
Janeiro, existem mais 33 salas
assim pelo mundo, recebendo
dados para a análise dos pesquisadores. Essa ajuda internacional é necessária em consequência da quantidade imensa
de dados gerados pelo LHC: se
fossem gravados em CDs, formariam por ano uma pilha de
20 km de altura.
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