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Cientistas ligam grupo de genes à esclerose múltipla
Descoberta pode levar ao desenvolvimento de novas terapias contra a doença
Falha na produção de uma proteína específica aparece mais em portador desse tipo
de degeneração nervosa
do que em outras pessoas
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Um grupo de pesquisadores
anunciou um passo significativo na compreensão da esclerose múltipla, doença neurodegenerativa crônica que costuma
afetar adultos entre 20 e 40
anos e provoca sintomas que
vão de fraqueza muscular, tremores, falta de equilíbrio, chegando até à paralisia. Pela primeira vez, foi possível ligar alguns genes ao risco de desenvolvimento da doença.
Já se sabia que a esclerose
múltipla tem causas genéticas e
ambientais, mas em 20 anos de
estudos, mesmo com a análise
de mais de cem genes candidatos, ainda não havia sido encontrada nenhuma ligação. A abordagem era "chutar" quais poderiam ser esses genes e observar
os sintomas de pacientes com
versões mutantes deles.
Agora, três estudos independentes publicados neste domingo nas revistas "Nature Genetics" e "New England Journal of Medicine" apontam a
identificação de variantes genéticas que podem levar ao surgimento da doença.
A esclerose múltipla é uma
moléstia do tipo auto-imune
-provocada por um ataque do
próprio sistema imunológico-
que destrói a camada protetora
dos nervos. Em todo o mundo
estima-se que cerca de 2,5 milhões de pessoas sofram da
doença -uma em cada mil na
maioria dos países ocidentais.
Usando técnicas diferentes
entre si, as três equipes dos Estados Unidos e da Europa chegaram à conclusão que o problema está na produção do receptor de interleucina-7 (ou
IL7R), uma proteína que controla a atividade das células T,
as responsáveis por administrar a ativação do sistema imunológico do corpo.
O IL7R normalmente está
presente na superfície de algumas células e também pode ser
encontrado no soro sangüíneo.
A variante que se supõe ser a
responsável por conferir o aumento ao risco de desenvolver
a doença foi encontrada em níveis menores na superfície das
células e em maiores no soro.
Esta mudança nos níveis relativos das duas formas de IL7R
pode alterar a atividade do sistema imune da pessoa, deixando-a mais suscetível à doença.
Múltiplos genes
Um dos estudos mostrou que
variantes no IL7R são mais comuns em pacientes com esclerose múltipla que em pessoas
saudáveis. Outro estudo escaneou o genoma de 12 mil pessoas em busca de fatores de risco para a doença e chegou a resultados semelhantes.
Os cientistas acreditam que
esse receptor -uma espécie de
"fechadura" química que responde à presença de uma molécula "chave"- é parte de um
processo que envolve muitos
genes. Defeitos em quaisquer
deles podem levar à doença.
Com o achado, os cientistas esperam conseguir manipular essa interação e desenvolver tratamentos que possam corrigir
falhas que provocam a doença.
"Esta descoberta nos conduz
a um novo caminho que pode
ter um papel muito importante
para a compreensão dos mecanismos fundamentais que desencadeiam a esclerose múltipla", disse Stephen Hauser,
professor de neurologia da Universidade da Califórnia, em San
Francisco (EUA), e um dos autores dos estudos publicados
neste domingo.
"Este mapa genético terá
uma importância incrível no
desenvolvimento de novas terapias", completou David Hafler, da Escola Médica de Harvard e também co-autor de
uma das pesquisas.
Com "New York Times" e Reuters
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