São Paulo, sábado, 31 de agosto de 2002

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RIO +10

Carta diz que se tornou ineficaz texto aprovado por diplomatas sobre meios de implementação da Agenda 21

ONGs vêem risco de retrocesso na reunião

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Ole Mulo (do Quênia), um líder maasai, se reúne com visitantes estrangeiros na "área sagrada' da Umbuto Village, durante a Rio +10


CLAUDIO ANGELO
ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO

Organizações não-governamentais criticaram ontem a falta de progresso nas negociações da Rio +10. Para as ONGs, o plano de ação da conferência corre o risco de ser, no mínimo, ineficaz.
A Coalizão Eco-Equity, formada por Oxfam, Amigos da Terra, Greenpeace e WWF, entre outras, divulgou carta na qual diz que o texto aprovado pelos diplomatas sobre os meios de implementação da Agenda 21 se tornou ineficaz para os propósitos desta cúpula.
O texto aprovado ontem, segundo o grupo, submete desenvolvimento e ambiente às regras da OMC (Organização Mundial do Comércio).
"A conferência chegou a um ponto inflexível", disse à Folha Rémi Parmentier, diretor de política do Greenpeace. "Estamos revoltados com o texto de meios de implementação."
Entre os tópicos que irritaram as ONGs está um artigo que afirma: "Ações unilaterais para lidar com desafios ambientais fora da jurisdição do país importador deveriam ser evitadas. Medidas ambientais referentes a problemas ambientais transfronteiriços ou globais deveriam, tanto quanto possível, ser baseadas em consenso internacional".
"Isso abre um precedente para a entrada de transgênicos na Europa, na África ou no Brasil", afirmou Parmentier.
Segundo o WWF (Fundo Mundial para a Natureza), a primeira semana de negociações, entre os diplomatas, só conseguiu acordo final em duas áreas: ambiente marinho e manejo de produtos químicos perigosos.
"Até agora, as negociações ficaram muito aquém dos compromissos que garantiriam um futuro sustentável para o planeta", afirmou Claude Martin, diretor do WWF. "Mas estamos confiantes em que os ministros reverterão as tendências aqui."
Entre os pontos ainda pendentes, na opinião das não-governamentais, os principais são a questão dos subsídios, as metas para água e biodiversidade e energia.
"Os 10% de renováveis propostos pelo Brasil são o limite mínimo necessário", disse Parmentier, do Greenpeace.
Apesar das divergências públicas, as ONGs brasileiras e a delegação oficial interagem o tempo todo nos bastidores. E, mesmo com diferenças em relação a vários outros aspectos, elas contam com a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso, que chega amanhã às 10h30, como uma liderança capaz de fazer a conferência andar.

O jornalista Claudio Angelo viajou a Johannesburgo a convite da BrasilConnects Cultura e Ecologia
PÇ° [Ó@pá


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