São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2010

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Teoria sobre biodiversidade da Amazônia se mantém válida

Cientista compara o legado de Vanzolini com o de Vital Brazil

DE SÃO PAULO

"Quando eu tinha dúvidas, perguntava ao Vanzolini", diz o biólogo especialista em répteis Giuseppe Puorto.
À frente da diretoria do Museu Biológico do Instituto Butantan há 12 anos, ele relata que procurou o zoólogo algumas vezes, como, por exemplo, quando não consegui identificar sozinho um bicho visto numa expedição.
"Ele sempre me recebia com atenção. Até hoje não dá para estudar répteis sem citar o Vanzolini", diz.
Para Puorto, a história do zoólogo é um "exemplo de persistência". "Imagino o que o Vanzolini passou naquela época: um médico querendo estudar biodiversidade em zoologia", brinca.
A trajetória de Vanzolini, na opinião do biólogo, é comparável a de outro médico (imunologista) apaixonado por répteis: Vital Brazil.
Pioneiro, ele começou a estudar veneno de cobras no século 19- quando isso era considerado uma "bobagem" entre os cientistas. Tanto fez que acabou criando o Instituto Butantan.
Antes do incêndio que destruiu parte do seu acervo em abril, o Butantan tinha na sua coleção cerca de 80 mil serpentes, além de 450 mil aranhas e escorpiões coletados nos últimos 120 anos que também foram queimados.
"As coleções precisam ser muito bem cuidadas para não sofrerem nenhum tipo de prejuízo. O acervo que o Vanzolini ajudou a montar no Museu de Zoologia da USP tem um valor incalculável", analisa Puorto.
Quanto à teoria dos refúgios, Puorto destaca que nenhuma hipótese é eterna. "A ciência é dinâmica. Uma teoria será verdadeira até que seja lançada outra", explica.
A evolução da ciência cria possibilidades que um pesquisador de uma determinada época não teve acesso.
No caso da zoologia, um exemplo disso é o desenvolvimento da genética para estudar a biodiversidade.
Mesmo assim, a teoria de Vanzolini ainda é a mais aceita para explicar a biodiversidade da Amazônia. (SR)


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