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Teoria sobre biodiversidade da Amazônia se mantém válida
Cientista compara o legado de Vanzolini com o de Vital Brazil
DE SÃO PAULO
"Quando eu tinha dúvidas, perguntava ao Vanzolini", diz o biólogo especialista
em répteis Giuseppe Puorto.
À frente da diretoria do
Museu Biológico do Instituto
Butantan há 12 anos, ele relata que procurou o zoólogo algumas vezes, como, por
exemplo, quando não consegui identificar sozinho um bicho visto numa expedição.
"Ele sempre me recebia
com atenção. Até hoje não dá
para estudar répteis sem citar
o Vanzolini", diz.
Para Puorto, a história do
zoólogo é um "exemplo de
persistência". "Imagino o
que o Vanzolini passou naquela época: um médico querendo estudar biodiversidade em zoologia", brinca.
A trajetória de Vanzolini,
na opinião do biólogo, é comparável a de outro médico
(imunologista) apaixonado
por répteis: Vital Brazil.
Pioneiro, ele começou a
estudar veneno de cobras no
século 19- quando isso era
considerado uma "bobagem" entre os cientistas.
Tanto fez que acabou criando
o Instituto Butantan.
Antes do incêndio que destruiu parte do seu acervo em
abril, o Butantan tinha na
sua coleção cerca de 80 mil
serpentes, além de 450 mil
aranhas e escorpiões coletados nos últimos 120 anos que
também foram queimados.
"As coleções precisam ser
muito bem cuidadas para
não sofrerem nenhum tipo
de prejuízo. O acervo que o
Vanzolini ajudou a montar
no Museu de Zoologia da
USP tem um valor incalculável", analisa Puorto.
Quanto à teoria dos refúgios, Puorto destaca que nenhuma hipótese é eterna. "A
ciência é dinâmica. Uma teoria será verdadeira até que
seja lançada outra", explica.
A evolução da ciência cria
possibilidades que um pesquisador de uma determinada época não teve acesso.
No caso da zoologia, um
exemplo disso é o desenvolvimento da genética para estudar a biodiversidade.
Mesmo assim, a teoria de
Vanzolini ainda é a mais
aceita para explicar a biodiversidade da Amazônia.
(SR)
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