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Chineses resistem a encurtar prazo para lançar novo satélite

Brasileiros tentam antecipar próximo lançamento para o ano que vem após a queda do aparelho CBERS-3

Adiantar a data não será possível até que se descubra por que o veículo lançador falhou, dizem chineses

MARCELO NINIO DE PEQUIM

A China resiste à ideia de antecipar para o ano que vem o lançamento do próximo satélite construído em parceria com o Brasil, o CBERS-4, previsto para 2015.

A antecipação virou prioridade para o Brasil após a perda do satélite CBERS-3, na segunda, num lançamento fracassado na base de Taiyuan, norte da China.

Numa reunião de emergência em Pequim, os chineses disseram aos brasileiros que não querem falar em encurtar prazos enquanto não houver uma análise conclusiva sobre o que causou o problema no veículo lançador.

Uma falha no foguete chinês Longa Marcha 4B impediu que o satélite atingisse a velocidade para chegar à órbita prevista. É a primeira vez que um lançamento desse modelo de foguete fracassa.

Os chineses abriram uma investigação e só confirmam que a falha ocorreu na terceira fase do foguete.

O presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira), José Raimundo Coelho, que participou da reunião, disse que foram traçados "três cenários" para o cronograma do próximo lançamento.

Ele dependerá da análise da falha do foguete chinês, que ainda não tem prazo para ser concluída. As possíveis datas são: dezembro de 2014, maio e dezembro de 2015.

A reunião durou mais de cinco horas, e os chineses pediram que fosse assinado um acordo de confidencialidade.

O lado brasileiro deixou claro que quer um esforço para lançar o CBERS-4 em 2014. Há três anos sem poder gerar imagens próprias do planeta, o Brasil tem pressa para pôr o novo satélite em órbita.

Mas os chineses deram a entender que estão inclinados para as datas de 2015.

"Eles estão cautelosos. É a primeira vez que isso ocorre e eles precisam analisar o que aconteceu." Segundo Coelho, os chineses suspenderam os lançamentos com o foguete Longa Marcha 4B até descobrirem a origem da falha.

Na mídia estatal chinesa, o fracasso foi descrito como um contratempo que não deve causar maiores danos ao ambicioso programa aeroespacial do país.

Essa também é a opinião da maioria dos especialistas.

"Certamente é um golpe, mas não diminuirá as ambições da China de avançar na exploração espacial e no lançamento de mísseis", disse à Folha Fu Song, diretor do departamento de Ciência e Tecnologia da Universidade Tsinghua, em Pequim.

A falha no lançamento do CBERS-3 não deve afetar a parceria com o Brasil, diz o físico espacial Jiao Weixin, da Universidade de Pequim.

"Lançamentos fracassados não são raros em outros país. China e Brasil mantêm uma ótima parceria, já lançamos três satélites. Não podemos apagar os sucessos por causa de um fracasso", disse Jiao.

AUTONOMIA ESPACIAL

O coordenador de aplicações do CBERS, José Carlos Epiphanio, afirma que o maior prejuízo do acidente é para os planos de longo prazo do Brasil para desenvolvimento tecnológico.

A observação do desmate na Amazônia pode ser feita com dados de satélites estrangeiros, diz, mas a queda do CBERS-3 atrapalha a perspectiva de obter independência no setor espacial.

"O que permeia aqui o Inpe, por enquanto, é o clima de baixo astral."


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