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Paciente H.M. foi um herói, diz neurocientista
DE SÃO PAULOPode-se dizer que a lesão cerebral paciente H.M. atraiu a atenção de cientistas mais pelo que ela preservou do que pelo que ela danificou. Mesmo incapaz de formar novas memórias ele continuava sendo um bom papo e não deixou de fazer o que gostava.
"Ele adorava jogar bingo, e seu passatempo favorito eram as palavras cruzadas", conta Suzanne Corkin, neurocientista que acompanhou H.M. em suas últimas décadas de vida. "Ele via filmes de faroeste na TV, lia poesia e gostava de assistir a missas."
A lesão que afetou sua memória era "limpa", diz a cientista, pois preservou outras estruturas cerebrais, tornando H.M. um caso ímpar. Notavelmente ele próprio tinha consciência de seu problema.
"Quando pedíamos que se submetesse a questionários e tarefas, ele acenava com sim e dizia que faria qualquer coisa que pudesse ajudar os outros", conta Corkin. "De certa forma, era um herói." (RG)