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Governo pode manter bolsista sem inglês fluente no exterior

Volta de alunos do Ciência sem Fronteiras ao país poderia ter "impacto político", disse secretário do MEC em reunião

Hoje, 27% dos alunos realocados de Portugal para outros países não têm aceite em universidades por causa de idioma

GIULIANA MIRANDA FERNANDO TADEU MORAES DE SÃO PAULO SABINE RIGHETTI EDITORA-ADJUNTA DE TREINAMENTO

O governo federal cogita manter no exterior bolsistas do programa Ciência sem Fronteiras que ainda não cumpriram os requisitos de fluência em inglês para cursar uma universidade.

O objetivo é evitar um potencial "desgaste político" que o retorno antecipado ao Brasil poderia causar.

A preocupação foi levantada pelo secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Paulo Speller, e apoiada por um representante da Casa Civil na 10ª reunião do comitê executivo do programa, realizada em 27 de janeiro, em Brasília. A Folha teve acesso à ata da reunião.

O problema acontece com os bolsistas que haviam sido selecionados para estudar predominantemente em Portugal, país que no ano passado foi excluído do programa porque, segundo o MEC, um de seus objetivos é "permitir que o estudante possa dominar uma segunda língua".

Eles puderam optar por participar do programa em outros países e, agora, enfrentam dificuldades com a fluência em inglês.

Atualmente, 2.449 de 9.114 alunos realocados não têm aceite garantido em uma universidade e precisam de curso de idiomas adicional. Essa parcela com dificuldades está nos EUA, no Canadá, na Austrália e na Irlanda.

Somente nos EUA, principal país de destino, 43% desses bolsistas realocados precisam do curso linguístico adicional e não têm aceite garantido na universidade.

Já os bolsistas que foram para Itália, Alemanha, França e Reino Unido tiveram proficiência suficiente para iniciar os estudos acadêmicos.

Hoje, os bolsistas do Ciência sem Fronteiras podem passar de quatro a seis meses no país de destino estudando a língua antes de serem aceitos no curso acadêmico.

O problema é que, para muitos dos alunos, esse período não é suficiente para obter proficiência na língua. Com isso, correm o risco de não serem aprovados nas instituições de ensino.

OPÇÕES

As discussões sobre o que fazer com esses alunos ainda dividem a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), órgãos que lideram o programa.

Na reunião, além da ideia de trazer os bolsistas logo de volta ao Brasil, cogitou-se até financiar seis meses adicionais de estudos do idioma para evitar que eles retornem sem o curso acadêmico.

No caso dos bolsistas com aceite acadêmico condicionado à extensão do curso de língua, eles poderiam ser prejudicados por cursar somente quatro meses de disciplinas acadêmicas no exterior. Já aqueles que não obtiverem o aceite acadêmico correm o risco de voltar ao Brasil sem o aproveitamento de créditos e ainda perder o início do semestre letivo.

A extensão do curso de idioma --o que permitiria que os alunos ficassem até um ano no exterior só estudando uma nova língua-- acarretaria o não atendimento do objeto principal do Ciência sem Fronteiras, que é "o estudo de disciplinas acadêmicas".

Além disso, a extensão representaria um gasto a mais no programa, que já está com suas contas desequilibradas.

No documento, é levantada a necessidade de mais R$ 863,6 milhões de investimento apenas pelo governo. Como justificativa são apontados os cursos de idiomas adicionais, variação cambial, despesas com taxas bancárias e cartão-bolsista e reajustes contratuais. O custo inicial do programa era de R$ 3 bilhões.


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