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Poucos no topo

Brasil tem só 4 dos 3.215 cientistas de todo o mundo cujas pesquisas têm mais 'impacto', por serem as mais citadas em outros artigos acadêmicos, segundo levantamento

FERNANDO TADEU MORAES STEFANIE SILVEIRA SABINE RIGHETTI DE SÃO PAULO

Apenas quatro cientistas brasileiros vinculados a instituições nacionais estão na lista dos 3.215 pesquisadores com produção acadêmica de maior impacto no mundo.

A listagem, divulgada recentemente, foi elaborada pela consultoria Thomson Reuters com base em um levantamento de trabalhos acadêmicos publicados de 2002 a 2012 nos periódicos científicos da base "Web of Science".

Foram considerados autores "de impacto" os cientistas cujos trabalhos estavam no grupo de 1% mais citados em cada um de 21 campos do conhecimento, como agricultura, computação e ciências do espaço.

Entende-se que um trabalho acadêmico citado por um cientista em outro artigo teve "impacto" porque ele vira uma espécie de referência na área de pesquisa.

No Brasil, os quatro colocados no topo entre os mais citados pelos colegas são o físico Paulo Artaxo, da USP, o químico Ernesto Gonzalez, da USP de São Carlos, o cardiologista Alvaro Avezum, do Instituto Dante Pazzanese, e o biólogo Adriano Nunes Nesi, da UFV (Universidade Federal de Viçosa).

Eles representam 0,3% do total de cientistas de impacto na listagem mundial.

Para ter uma ideia, os EUA concentram cerca de metade dos pesquisadores "superimpactantes" da listagem.

A Índia tem mais que o dobro de pesquisadores top em comparação ao Brasil: são nove nomes. Na China, há 150 pesquisadores de impacto.

SÓ QUANTIDADE

Entre os brasileiros, um dos nomes mais conhecidos é o físico Paulo Artaxo. Membro do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, o painel do clima da ONU) e docente da USP, ele tem 397 trabalhos publicados e 10.480 citações.

Para ele, o ranking expõe que a produção científica no Brasil aumentou, mas a relevância não cresceu --o país está entre os 15 que mais publicam artigos científicos.

"Falta financiar estudos que tenham maior impacto na ciência em nível internacional. É preciso dar ao pesquisador brasileiro as mesmas condições de trabalho que os estrangeiros têm."

Estudos feitos em colaboração internacional ganham mais destaque.

O cardiologista Alvaro Avezum, por exemplo, que trabalha há quase 30 anos no Instituo Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo, teve participação em um grande estudo internacional. Chamado de "Interheart", o trabalho mapeou os fatores de risco para infarto em 52 países.

No Brasil, o trabalho foi liderado por Avezum. "A pesquisa nos permitiu documentar preditores [fatores de risco] de morte, como avaliar o risco de infarto", diz.

Adriano Nunes Nesi, que estuda fisiologia de plantas na UFV, também tem trabalhos de relevância internacional. Antes de Viçosa, passou quase seis anos no Instituto Max Planck, na Alemanha, período no qual publicou os artigos que o levaram a fazer parte da lista.

O trabalho desenvolvido nessa época, explica Nesi, buscou caracterizar o funcionamento de certas enzimas ligadas à respiração de plantas e sua relação com o número de frutos.

"Trabalhei bastante para publicar esses artigos e sabia que eles vinham sendo muito citados, mas não me considero nenhuma mente brilhante por causa disso."

Na área de química, Ernesto Gonzalez, da USP, também aparece no ranking, com 223 trabalhos publicados e 5.170 citações. Para ele, as ciências aplicadas precisam de mais recursos financeiros.

"Falta apoio para a compra de equipamentos sofisticados", afirma.

Esta é a segunda listagem de cientistas de impacto feita pela Thomsom Reuters. Na primeira, de 2001, havia cerca de 7.000 nomes --e apenas três brasileiros.


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