Em 20 anos, país vai de 24º a 13º em ranking de pesquisa
Estudo da Thomson Reuters lista os 25 países mais produtivos em ciência
Brasil subiu 11 posições entre 1993 e 2013; medicina e agricultura são áreas de destaque da pesquisa nacional
A produção científica dá provas de que o Brasil progrediu tanto nos governos do PSDB quanto nos do PT. Com FHC, galgou sete posições no ranking das 25 nações mais produtivas, do 24º para o 17º lugar. Com Lula e Dilma, chegou ao 13º.
O retrato aparece em levantamento da empresa Thomson Reuters --que detém a maior base de dados do mundo sobre trabalhos científicos-- apresentado nesta sexta-feira (31) na 1ª Cúpula Thomson de Experiência com Inovação, em São Paulo.
Colleen Shay, da divisão de Propriedade Intelectual e Ciência da Thomson para as Américas, traça um panorama bem otimista da ciência e da tecnologia nacionais.
"O Brasil está numa posição excelente para buscar o crescimento e a comercialização da tecnologia, assim como [buscar] a qualidade em pesquisa e desenvolvimento", disse à Folha.
A especialistas baseia sua interpretação tanto em aspectos quantitativos quanto qualitativos da pesquisa brasileira. A publicação de artigos científicos, por aqui, cresce em ritmo superior à média mundial e de países como México, Argentina, Japão, Alemanha, Reino Unido e EUA.
Por outro lado, o Brasil fica muito atrás da China. Enquanto a produção brasileira avançou quase 700% entre 1993 e 2003, a chinesa projetou-se quase 2.200%. Não por acaso o dragão saltou do 15º lugar para o 2º posto em volume de estudos publicados.
Outra nação asiática que se destaca é a Coreia do Sul. Ausente do ranking das 25 maiores em 1993, entrou nele já no 13º posto em 2003 e subiu mais uma posição até 2013, colocando-se imediatamente à frente do Brasil.
Algo similar se observa com relação a patentes. Comparado com países latino-americanos, o Brasil aparece muito à frente. No confronto com os asiáticos, perde de pelo menos 7 a 1.
Para Shay, no entanto, a quantidade não diz tudo. "A China, na realidade, enfrenta uma questão de qualidade [das patentes]", diz. "O Brasil se sai bem melhor."
Ela se refere às taxas de aprovação de patentes. No Brasil a proporção é de 22%, próxima do padrão mundial. A China aprova 25%.
Parece uma diferença pequena, mas não é, segundo Shay. Se os três pontos percentuais corresponderem de fato a concessões de patentes sem mérito, a China estaria pondo no mercado milhares de invenções indevidas e ampliando sem necessidade o campo aberto para litígios.
Shay não vê como de todo negativo o diagnóstico usual de que a pesquisa brasileira ocorre mais em universidades do que em empresas.
Ela afirma que a tendência entre grandes empresas, como a Procter&Gamble, aponta para o que chama de "inovação aberta": desmobilizar equipes próprias de pesquisa e desenvolvimento para financiar e contratar projetos em instituições de pesquisa.
Em setores específicos, o Brasil figura no primeiro time, como em pesquisa aplicada a energias alternativas, ao lado de EUA e Alemanha.
O país também se destaca na pesquisa em medicina. No período 2003-2007, o Brasil tinha 14.324 artigos dessa área no acervo de 1% de estudos mais citados do mundo. Em 2008-2012, já eram 34.957 --um salto de 144%.