Estrelas são mais jovens do que se pensava, aponta satélite europeu
Observatório espacial é usado para estudar história do Universo
As primeiras estrelas do Universo nasceram mais tarde do que antes se imaginava.
Os cientistas concluem agora que os primeiros astros brilhantes --responsáveis por acabar com a "idade das trevas" cósmicas-- surgiram cerca de 550 milhões de anos após o Big Bang. É quase 100 milhões de anos mais tarde do que antes se imaginava.
A nova medição foi feita com o satélite europeu Planck. Tal descoberta foi possível por causa da radiação cósmica de fundo, a relíquia mais antiga deixada pelo Big Bang.
Sabemos, com base nela, que o cosmos teve sua origem cerca de 13,8 bilhões de anos atrás, a partir de um estado muito quente e denso.
No princípio, a compactação do Universo era tão grande que as partículas de luz não conseguiam fluir.
Conforme a expansão cósmica seguiu adiante, a diluição finalmente permitiu que a luz circulasse livremente. Isso aconteceu cerca de 380 mil anos depois do Big Bang, e é essa luz que o Planck detecta e mede. Por meio das informações contidas nela, é possível conhecer o passado.
INÍCIO TARDIO
O fato de as primeiras estrelas terem surgido mais tarde que o esperado resolve algumas contradições no estudo dos primórdios do Universo.
"Embora 100 milhões de anos possam parecer desprezáveis comparados aos quase 14 bilhões de anos do Universo, eles fazem uma diferença significativa", diz Marco Bersanelli, da Universidade de Estudos de Milão, na Itália, que trabalha com o Planck.
O Telescópio Espacial Hubble tinha apontado que as mais antigas galáxias conhecidas não tinham a configuração que deveriam ter se as estrelas tivessem surgido 100 milhões de anos antes. A descoberta do Planck volta a encaixar tudo nos seu lugar.
Outra coisa interessante é que os novos dados indicam não só que as estrelas começaram a nascer um pouco mais tarde, mas que o processo foi explosivo e acelerado.
"Se muitas estrelas se formam logo de cara, elementos químicos mais pesados contaminam o Universo bem cedo", diz Diego Falceta-Gonçalves, astrônomo da USP. Isso casa bem, por exemplo, com a descoberta recente de planetas muito antigos, com mais de 11 bilhões de anos.