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Brasil descobre universidade 'das Arábias'

Universidade Rei Abdullah de Ciência e Tecnologia, fundada em 2009, ofereceu até 'pré-bolsa' para primeira turma

Grupo de 15 brasileiros que já frequentou a instituição saudita diz que estrutura e retorno financeiro compensam

A.T. Service/Creative Commons
Prédios de laboratórios da universidade saudita Kaust, com mesquita à esquerda
Prédios de laboratórios da universidade saudita Kaust, com mesquita à esquerda

VENCESLAU BORLINA FILHO
DO RIO

A Arábia Saudita, principal produtor de petróleo do mundo, tem sido o destino de brasileiros interessados no ensino e nas vantagens oferecidas pela Kaust (Universidade Rei Abdullah de Ciência e Tecnologia).

Fundada em 2009 pelo rei Abdullah Bin Abdulaziz Al Saud, a universidade tem a meta ambiciosa de, até 2020, ser caracterizada por pesquisas comparáveis às das dez maiores universidades de tecnologia do mundo.

Segundo a instituição, 15 brasileiros já frequentaram os cursos de mestrado e doutorado. Rafael Coelho Lavrado, 25, foi da primeira turma do mestrado em engenharia elétrica, em 2009.

Um ano antes de partir, ele foi beneficiado com uma bolsa de US$ 1.200 por mês para cobrir custos com livros, notebook e viagens para aprimoramento da língua inglesa e conhecimento de outros países e culturas.

Ao chegar, "ganhou" um apartamento de três andares, assistência médica gratuita e viagens periódicas ao Brasil, além de uma nova ajuda de US$ 1.700 mensais.

"Vale a pena estudar no país, mesmo diante da diferença cultural em relação ao Brasil", disse ele.

O engenheiro de petróleo Guilherme Ribeiro, 26, também entrou em 2009 na universidade, para um mestrado em ciências da terra. Morando atualmente na Arábia Saudita, ele trabalha na maior petrolífera do mundo, a estatal Saudi Aramco.

"Terminei o mestrado e fui contratado, o que é um fato atípico, já que a empresa costuma empregar apenas profissionais com pelo menos dez anos de experiência", diz.

Única docente do Brasil na Kaust, a engenheira química Suzana Pereira Nunes afirma que o objetivo da instituição é gerar conhecimento novo para tentar resolver os problemas internos do país e também do mundo.

Entre eles estão a dependência do petróleo e a falta de água. Suzana, por exemplo, pesquisa formas eficientes de retirar o sal da água.

Entre os parceiros da Kaust estão universidades na lista das melhores do mundo, como a Universidade da Califórnia em Berkeley e a Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Com isso, os estudantes podem fazer intercâmbio nessas instituições.

US$ 20 BILHÕES

Para construir e equipar a universidade em Jeddah (às margens do Mar Vermelho), foram investidos ao menos US$ 20 bilhões, segundo os ex-alunos. As instalações do campus impressionam pela grandiosidade.

Anualmente, a universidade faz seleções em todo o mundo. Para cursos de mestrado, as inscrições ocorrem todos os anos em setembro.

De acordo com a universidade, as bolsas atualmente oferecidas aos estudantes variam de US$ 20 mil a R$ 30 mil por ano, dependendo do currículo de cada candidato. A bolsa inicial foi exclusiva para a primeira turma.

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