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rio+20

Só 4 de 90 metas ambientais têm avanço

Dado de relatório da ONU quantifica mudanças consideradas 'significativas' rumo a desenvolvimento sustentável

Documento avaliou só objetivos que integram acordos internacionais; Nações Unidas contam oito casos de retrocesso

DENISE MENCHEN
DO RIO

No momento em que o mundo negocia um novo acordo sobre desenvolvimento sustentável, a ser assinado na cúpula Rio+20, a ONU afirmou ontem que apenas quatro dos 90 objetivos ambientais mais importantes acertados internacionalmente nos últimos 40 anos tiveram avanços significativos.

O número é inferior ao de objetivos que tiveram retrocesso: oito no total. Outros 40 registraram poucos avanços e 24 praticamente não apresentaram nenhum progresso. Além disso, 14 não puderam ser avaliados devido à falta de dados mensuráveis.

As informações constam da quinta edição do relatório Panorama Ambiental Global, o GEO-5, divulgado pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) em evento no Rio.

Segundo o órgão, houve avanço significativo nos objetivos de erradicação do uso de substâncias nocivas à camada de ozônio, eliminação do uso de chumbo em combustíveis, ampliação do acesso a fontes de água potável e aumento das pesquisas sobre a poluição dos mares.

Mas os esforços para o combate às mudanças climáticas e para a preservação dos estoques pesqueiros, por exemplo, praticamente não deram resultado. E a proteção dos recifes de corais teve retrocesso -desde 1980, eles sofreram redução de 38%.

MENSAGEM

Para o diretor executivo do Pnuma, Achim Steiner, o relatório é uma mensagem direta para os líderes que se reunirão na Rio+20, conferência sobre desenvolvimento sustentável que começa na próxima semana na cidade.

Segundo ele, é "chocante" que o mundo não tenha conseguido avançar na maioria dos acordos ambientais.

Steiner diz, porém, que o relatório não passa apenas uma "mensagem de fracasso". A segunda parte do documento é voltada para a análise de políticas que contribuem para o desenvolvimento sustentável.

Com a divulgação, o Pnuma espera que essas iniciativas possam ganhar escala.

Também presente ao lançamento do relatório, a coordenadora executiva da Rio+20 atribuiu a falta de implementação dos acordos já firmados ao fato de que os líderes políticos e empresariais ainda não incorporaram o desenvolvimento sustentável ao centro de suas políticas.

Henrietta Elizabeth Thompson avalia que a conferência não está fadada a ver o mesmo acontecer com seus acordos porque o cenário atual é "diferente". Como exemplo, ela citou o fato de que neste ano, pela primeira vez, o Banco Mundial reuniu ministros da Economia de todo o mundo para discutir o desenvolvimento sustentável.

Outros fatores que, segundo ela, terão impacto positivo sobre a Rio+20 são a existência de mais informações científicas sobre a necessidade de mudanças e a maior presença de líderes empresariais nas discussões.

De acordo com Fatoumata Keita-Ouane, do setor científico do Pnuma, a pesquisa mostrou que os objetivos são implementados com mais sucesso quando vinculados a metas numéricas e com prazos definidos.

Uma das discussões na Rio+20 é justamente o estabelecimento dos chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que poderiam englobar metas nas áreas de energia e erradicação da pobreza, por exemplo.

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